Valor Econômico
Adriana Cotias
Os bancos associados à Tecnologia Bancária (TecBan), que administra o Banco24horas, não se entenderam para tocar um projeto amplo de compartilhamento de máquinas de autoatendimento (ATM). Por isso, Banco do Brasil (BB), Bradesco e Santander decidiram partir para um voo conjunto, que pode resultar numa “joint venture” especializada na gestão da rede integrada e que, no futuro, pode até abrir o capital. Numa primeira etapa, a ser desenhada em cinco meses, o alvo serão 11 mil terminais externos dos 15 mil que as instituições têm hoje, mas num segundo estágio o negócio tende a evoluir para os caixas eletrônicos instalados dentro das agências, o que corresponderia a uma malha de quase 100 mil terminais, ou 56% dos ATMs no país.
Partir do Banco24Horas, hoje com 7,5 mil terminais próprios, não foi possível pela oposição de alguns dos seus associados. O diálogo foi mais fluente com os três bancos que já têm um histórico de relacionamento como acionistas da credenciadora de cartões Cielo, segundo o vice-presidente de Cartões e Novos Negócios do BB, Paulo Caffarelli. “As diversas tentativas de agregar outros bancos não avançaram e a opção foi formar um novo bloco, que já resulta numa grande rede compartilhada.”
Criada em 1982, a TecBan tem quase uma dezena de sócios e 24 instituições financeiras contratam os serviços da rede. O Itaú Unibanco passou a ser o principal acionista da empresa, após a fusão das duas instituições . O Bradesco detém um terço do negócio, graças a um passado de aquisições de instituições menores como o BCN e Finasa, que participavam da rede. O BB, no fim do terceiro trimestre de 2009, informava uma fatia de 9%, enquanto o Santander vendeu a parcela que tinha na TecBan para a matriz espanhola em 2009, no período que antecedeu a abertura do capital do banco no Brasil.
Não é a primeira vez que BB e Bradesco se aproximam num projeto de compartilhamento, mas essa experiência mostrou que é mais fácil, do ponto de vista tecnológico, criar uma estrutura nova a interligar os computadores de um banco ao outro, comentou o diretor do Bradesco e presidente da Scopus, Cândido Leonelli. Se o padrão internacional se replicar no modelo brasileiro, a expectativa é de que as transações da rede compartilhada representem uma economia de 20% em relação às efetivadas nos terminais próprios., conforme projetou o executivo.
Para os bancos, as sinergias incluem o aluguel de espaços, manutenção de máquinas, limpeza, transporte de valores e suprimento de numerário. Só BB e Bradesco gastam cerca de R$ 1 bilhão ao ano com a manutenção de terminais. Os custos da rede externa representam 30% do conjunto de despesas com o auto-atendimento.
Na nova empresa, a TecBan pode até ser o parceiro operacional da rede compartilhada, mas Leonelli sinalizou que há empresas internacionais interessadas em investir no mercado brasileiro e a escolha daquela que vai tocar o projeto será fruto de um processo de licitação. A expectativa é de que no futuro outras instituições financeiras se integrem ao projeto.
Para os clientes, o uso de caixas eletrônicos compartilhados não deve representar custos adicionais, segundo o diretor do Santander, Marcos Matioli. A tarifa estará implícita no pacote de serviços de cada instituição, que dá direito a um certo número de transações mensais nos terminais de autoatendimento.