A Contraf-CUT defendeu a melhoria da segurança e o fim das filas nas agências e postos de atendimento bancário, durante audiência ocorrida na quarta-feira (29), na Câmara Municipal de Cuiabá, com o presidente do Legislativo, vereador João Emanuel (PSD), e o vereador Arilson da Silva (PT). Também participou o diretor do Sindicato dos Bancários de Mato Grosso, John Gordon.
O secretário de imprensa da Contraf-CUT e coordenador do Coletivo Nacional de Segurança Bancária, Ademir Wiederkehr, entregou aos parlamentares uma cópia da pesquisa nacional de ataques a bancos de 2012, feita em parceria com a Confederação Nacional dos Vigilantes (CNTV), onde Mato Grosso aparece em quinto lugar no país com 185 ocorrências, sendo 70 assaltos ou tentativas e 115 arrombamentos. O estado figura como líder na região Centro-Norte.
Descaso dos bancos
“Esses números são muito preocupantes e só mudarão com ações concretas na segurança dos estabelecimentos, o que é de responsabilidade dos bancos, e na segurança pública”, afirmou o diretor da Contraf-CUT.
“Os bancos vêm tratando com enorme descaso a segurança das unidades. Nem a lei federal 7.102/83, que está completando 30 anos, vem sendo cumprida, como mostram as sucessivas multas aplicadas pela Polícia Federal”, denunciou Ademir.
Importância das leis municipais
O dirigente da Contraf-CUT frisou “a importância das leis municipais, que introduziram novos equipamentos de segurança em várias cidades do país, como as portas giratórias com detectores de metais, que reduziram as ocorrências como revelam até as estatísticas da Febraban, mas precisam ser ampliadas para eliminar riscos e prevenir ações criminosas”.
“O STF já decidiu que os municípios têm competência para legislar sobre assuntos de interesse local, como é o caso da segurança, e por isso essas leis tem sido fundamentais para combater a violência nos bancos”, frisou Ademir.
O representante nacional dos bancários manifestou apoio ao projeto de lei do vereador Arilson, ex-presidente do Sindicato, que altera a legislação municipal de Cuiabá e estabelece uma série de equipamentos e medidas de segurança, como portas giratórias, biombos, divisórias entre os caixas eletrônicos e câmeras internas e externas.
O projeto também veda aos vigilantes o exercício de qualquer outra atividade no interior da agência que não seja de segurança. “O papel do vigilante não é prestar informações aos clientes, muito menos organizar filas ou orientar como fazer operações no caixa eletrônico”, justificou Arilson. “A função do vigilante é zelar pela segurança de trabalhadores e clientes”.
Combate à “saidinha de banco”
O presidente da Câmara quis saber a posição dos bancários sobre a proibição do uso de celular nos bancos. Ademir explicou que essa proposta nunca foi defendida pela categoria, pois é uma medida inócua, ineficaz e ingênua para combater o crime da “saidinha de banco”.
“Proibir o celular não impede a visualização dos saques por olheiros”, salientou Ademir. “É uma forma de jogar a responsabilidade da segurança para o cliente”, criticou. “Além disso, o celular é hoje imprescindível para o trabalho de muita gente. Imagine, por exemplo, deixar um médico sem comunicação no banco sobre casos de emergência”, reforçou Arilson.
“Os bancos deveriam contratar mais funcionários, sobretudo caixas, para agilizar o atendimento dos clientes e evitar a formação de filas, impedindo a atuação dos olheiros”, destacou Ademir. “Esse crime, que assusta e já matou vários clientes, começa dentro do banco”, apontou.
João Emanuel afirmou que uma comissão da Câmara irá fiscalizar o cumprimento da lei das filas em Cuiabá, que prevê tempo máximo de espera de até 20 minutos em dias normais. “Os vereadores irão até as agências, pegarão senhas e vão cronometrar o tempo de espera para conferir se a lei está sendo respeitada ou não. Queremos o bem estar da população e vamos atuar para que os bancos façam sua parte”, disse o presidente da Câmara.
Mobilização dos trabalhadores
Gordon enfatizou que o Sindicato vai se manter atuante por mais segurança e por melhoria do atendimento nos bancos, cobrando também da Prefeitura maior fiscalização para o cumprimento das leis já existentes, como a dos biombos e a das filas.
“Além disso, vamos mobilizar a categoria para que novas leis sejam aprovadas, como a do vereador Arilson que vem ao encontro das preocupações dos bancários, vigilantes, clientes e da população”, ressaltou o diretor do Sindicato.
O projeto, que ainda torna mais rígida a punição aos bancos infratores, está em fase de tramitação e deverá ser apreciado nas próximas sessões da Câmara.
“A ideia é reforçar a luta por mais segurança nas agências. A minha atuação no Sindicato me proporcionou acompanhar essa realidade mais de perto e a insegurança da população e dos bancários é geral. A minha preocupação é com a vida das pessoas e não com os lucros bilionários dos bancos”, concluiu Arilson.
Santander
O diretor da Contraf-CUT também participou no mesmo dia do Encontro Regional de Dirigentes Sindicais do Santander, promovido pela Fetec Centro-Norte, em Cuiabá, com a participação de sindicalistas da região.
Os representantes dos trabalhadores discutiram emprego, remuneração, condições de saúde, segurança e trabalho, e previdência complementar. Eles repudiaram as práticas antissindicais do banco espanhol e cobraram respeito à organização sindical e ao direito de liberdade de expressão.
“Todas as propostas aprovadas serão levadas para discussão no Encontro Nacional, que ocorre nos dias 4 e 5 de junho, em São Paulo”, destacou a secretária-geral do Sindicato e representante da Fetec Centro-Norte na Comissão de Organização dos Empregados (COE) do Santander, Leonice Maria de Souza (Nice).