Os funcionários do Banco do Brasil criticaram as novas medidas de gestão divulgadas pelo banco na última sexta-feira (5), tanto pela forma como elas são anunciadas, sem nenhuma informação prévia aos trabalhadores ou a seus representantes, quanto pelo atropelo e erros de gestão.
“O banco diz não ser uma nova reestruturação, mas é. Houve o corte de cerca de mil vagas de caixa em todo o país. O banco alega que essas vagas apareceriam em escritórios e agências digitais. Na prática, os escritórios digitais perderam funções de assistentes e ganharam de escriturários, que farão os mesmos serviços, mas ganhando menos. Isso é desvio de função! É ilegal”, observou Wagner Nascimento, coordenador da Comissão de Empresa de Funcionários do Banco do Brasil (CEBB). “Ou seja, o banco corta cargos, reduz salários, cria desvio de função nos escritórios digitais e ainda diz que isso não é reestruturação”, completou.
O coordenador da CEBB critica ainda a falta de transparência e de diálogo. “Na quinta-feira (4), estivemos reunidos até à noite com a direção do banco para obtermos mais informações sobre o PDG (Programa Extraordinário de Desempenho Gratificado), que havia sido anunciado no dia anterior, também sem comunicação prévia, e nada nos foi dito sobre estas novas mudanças que foram anunciadas na sexta-feira. Não é possível que, sempre, as informações cheguem primeiro aos meios de comunicação e somente depois aos funcionários”, criticou.
Carlos de Souza, secretário Geral da Confederação Nacional dos Trabalhadores do Ramo Financeiro (Contraf-CUT), ressaltou que tanto a Contraf-CUT, quanto a CEBB perguntam, em todas as reuniões que têm com a direção do banco, se existem medidas de gestão previstas para serem realizadas no banco. “No final de 2016, depois que a informação sobre a reestruturação vazou pela imprensa, buscamos a confirmação do banco, que disse que eram boatos. Desta vez, depois de uma matéria veiculada no dia 8 de dezembro, indagamos novamente o banco que voltou a desmentir a matéria”, lembrou o dirigente da Contraf-CUT, que também é funcionário do BB.
“O presidente do Banco prefere procurar os jornais para apresentar seus novos programas, do que dialogar com o conjunto dos funcionários para acalmá-los e acabar com a ansiedade e a angústia que essa política de reestruturação sem transparência tem causado”, complementou Carlos.
Gestão às avessas
Mais uma vez os representantes dos trabalhadores reforçam o pedido de transparência nas informações e que o banco não corte os salários dos funcionários enquanto todos não forem realocados. “Na reestruturação de 2016, a direção dizia que ao final tudo ia dar certo. Não deu. Agora, segue pelo mesmo caminho, ficarão funcionários sem cargos e com salários reduzidos e, mais uma vez, o banco não se preocupou com isso antes de iniciar a reestruturação”, ponderou o coordenador da CEBB.
Para Wagner Nascimento a falta de mapeamento das vagas pelo banco, cria mais apreensão nos funcionários . “Assim como na reestruturação de 2016, são cortados cargos onde não existem vagas vagas e a conta não fecha, resultando em muitas famílias desamparadas. Em Recife onde foi fechado o CENOP a situação é desesperadora, devido à sequência de reestruturações", observou.
Os representantes dos trabalhadores já solicitaram todas informações detalhadas sobre as novas medidas, que para eles representa a continuidade da reestruturação iniciada ao final de 2016. “Queremos saber quantos funcionários perderão suas comissões, quantos serão remanejados, de onde e para onde. Além disso, queremos saber quem vai ocupar os novos cargos gratificados e se todos aqueles que tiveram seus salários rebaixados serão contemplados e se a gratificação será em valores semelhantes às que foram retiradas, para que não haja queda de remuneração”, disse o secretário geral da Contraf-CUT. “Para alguns a reestruturação até pode ser boa, mas nossa preocupação tem que ser com todos os funcionários”, alertou Carlos de Souza, ao observar que a Contraf vai buscar todos os meios necessários, tanto no campo jurídico quanto na mobilização para a luta no dia a dia para combater toda reestruturação que prejudique os trabalhadores.
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