Para economista da Unicamp, emprego deve ser prioridade do governo

O professor Pedro Rossi, do Instituto de Economia da Universidade Estadual de Campinas (Unicamp), avalia que o emprego e a distribuição de renda devem ser garantidos e são processos que geram pressões inflacionárias. “A inflação é ruim? É ruim. Outras variáveis econômicas também prejudicam, mas o emprego vai no cerne da cidadania da população”, afirma em entrevista à Rádio Brasil Atual.

O candidato à Presidência da República Aécio Neves (PSDB) tem defendido a bandeira de que a inflação, que está em 6,75%, precisa ser reduzida ao centro da meta do governo, de 4,5% (há tolerância de dois pontos, para mais e para menos). No entanto, Rossi sustenta que trazer a inflação para o centro da meta “custe o que custar” pode resultar em retrocesso de avanços econômicos conquistados nos últimos anos, com inclusão social. “A função do Estado é garantir o pleno emprego. A inflação é importante, mas secundária”, diz.

A visão do tucano indica que o Brasil precisa de ajuste fiscal e redução da inflação. O economista considera preferível que a inflação continue no patamar de 6% e convirja a longo prazo para a meta. “Porque enquanto durar um processo de distribuição de renda forte, você tem pressões inflacionárias, aumenta o salário do trabalhador.”

Segundo Rossi, o Brasil passa por uma transformação estrutural de inclusão social e isso resulta em aumento de preços, mas acabar com essa pressão é interromper a transformação. “Combater a inflação com recessão, desemprego, não é um caminho adequado”, insiste.

Outro ponto em que o economista critica o projeto tucano é a possível indicação de Armínio Fraga como ministro da fazenda. Fraga foi presidente do Banco Central durante o governo de FHC. Atualmente, presta assessoria econômica a Aécio e é o principal acionista do Gávea, um fundo de investimentos. E fez ressalvas à política de valorização do salário mínimo.

Nesse sentido, o professor da Unicamp considera que as propostas peessedebistas não levam em conta as peculiaridades do crescimento brasileiro. “Aqui aconteceu uma contradição do ponto de vista econômico, da teoria convencional, que sugere que aumento de salário mínimo tende a criar desemprego. No Brasil, nos últimos 12 anos, o desemprego diminuiu e o salário mínimo aumentou”, afirma.

Além disso, o salário mínimo no Brasil teve papel importante no mercado interno, pois a inclusão de classes desfavorecidas no mercado consumidor criou demanda, que levou a uma expansão de firmas e aumento de produtividade dessas empresas. “Ou seja, você harmonizou um crescimento de salários, com o crescimento da produtividade e com crescimento econômico.”

Para ele, o programa tucano vai no sentido contrário ao do acesso a educação e saúde de qualidade e a direitos sociais. “O que está proposto ali é a flexibilização do mercado de trabalho, perda de garantias dos direitos do trabalhador.”

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