Portugal precisa de 75 bilhões de euros contra endividamento, diz BC europeu

Em reunião de cúpula dos líderes da União Europeia na quinta-feira (24), o presidente do Banco Central Europeu, Jean-Claude Juncker, disse que o país deve precisar de uma injeção de 75 bilhões de euros (R$ 175 bilhões) para contornar os elevados endividamento e deficit públicos.

O banqueiro disse que a ajuda não pode ser forçada. Ressaltou que o país precisa oficializar o pedido.

A renúncia do premiê José Sócrates anteontem e o veto do Parlamento português ao pacote de corte de gastos para tentar reduzir o deficit dominaram as discussões em encontro de líderes europeus iniciado ontem.

A cúpula foi convocada justamente para desenhar um pacote para estancar a crise da dívida na zona do euro, que já tinha até recebido o nome de Pacto do Euro.

Com a queda do governo, o porta-voz do Conselho de Ministros de Portugal (equivalente à Casa Civil), Pedro Dilva Pereira, anunciou que o país vai lutar contra a possibilidade de recorrer ao socorro financeiro.

Temem-se a exigência de cortes muito severos e a perda de soberania nacional. “A ajuda internacional teria sérias consequências para a nossa economia”, afirmou.

Rebaixamento

O socorro calculado pelo presidente do BCE para Portugal é menor do que o oferecido para a Grécia, de ? 100 bilhões, e para a Irlanda, de ? 85 bilhões.

Para o mercado financeiro, no entanto, será inevitável uma ajuda a Portugal. Os investidores exigiram ontem juros recordes para comprar títulos da dívida pública.

Uma emissão de títulos com vencimento em dez anos foi feita com juros de 7,7% ao ano. É um valor elevado se comparado com os títulos emitidos no início da semana, de 8% para papéis que vencem na metade do prazo. Quanto mais longa a vida do título, menor deve ser a taxa.

A agência de classificação de risco Fitch também decidiu rebaixar a nota do país. Isso significa que os investidores receberam um alerta de que aumentaram as chances de Portugal deixar de pagar aos seus investidores.

O alerta, apesar de duro, ainda manteve Portugal no clube de países considerados grau de investimento, ou seja, os mais seguros do mundo do ponto de vista financeiro.

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