Marcos de Moura e Souza
Valor Econômico
Em Minas Gerais, o governo do Estado aproveitou a entrada em vigor das novas regras para renegociar o contrato que tinha com o Banco do Brasil. Para continuar sendo o banco pagador da folha salarial do Estado, o BB aceitou um novo contrato, com validade de cinco anos, pelo qual remunera o Estado em R$ 1,4 bilhão. Pelo acerto anterior, a remuneração era de R$ 1,23 bilhão.
“A minha oportunidade de fazer negócio com o Banco do Brasil era agora”, disse ontem ao Valor o secretário estadual da Fazenda, Leonardo Colombini. O contrato anterior ainda tinha mais dois anos de validade. Os novos termos foram assinados no mês passado.
Colombini diz que se deixasse para renegociar com o BB daqui a dois anos, muitos servidores poderiam até lá ter optado receber por outro banco. E se isso ocorresse, o BB provavelmente não estaria tão disposto a pagar mais ao Estado por uma carteira menor de servidores clientes.
O que também ajudou o Estado na negociação é que em 2012 outra regra, relacionada ao acordo de Basileia, entra em vigor. O banco que comprar, a partir do ano que vem, uma folha de pagamento de funcionários públicos, terá de fazer um destaque de capital no valor do contrato. Isto é, não poderá contar com aquele valor em seu patrimônio, o que faz diferença em qualquer operação que o banco queira fazer. “Se o BB deixasse para renovar o contrato depois, teria de destacar de seu patrimônio o valor do contrato. Neste ano, ainda não precisou fazer isso.”
A vantagem do BB em refazer o contrato é que além de ter como clientes uma massa enorme de servidores, é o único banco que pode instalar agências e caixas automáticos nos prédios do governo. E na disputa por outros contratos com o Estado, o BB tem a preferência em caso de empate. “O BB para perder o servidores tem de ser incompetente”, diz o secretário.
O Estado tem 580 mil servidores, mas hoje – embora não seja obrigado por lei – o Banco do Brasil já transfere para outros bancos o pagamento de 20% dos servidores. O Itaú, o Bradesco e outros bancos, segundo Colombini, já estão trabalhado para conquistar os servidores mineiros. O Itaú, disse o secretário, foi uma das instituições que tentaram ficar com o novo contrato que o Estado acabou assinando novamente com o BB.
O banco paulista tem um vantagem na estratégia de atrair servidores mineiros a partir de 2012: por ter comprado o Banco do Estado de Minas Gerais (Bemge), que por anos fez o pagamento dos salários dos servidores, possui o cadastro dos funcionários – o que facilita numa campanha de busca por novos clientes.