Valor Econômico
Marli Lima
A média diária de concessão de crédito no país ganhou força em abril, de acordo com o diretor de política econômica do Banco Central, Carlos Hamilton Araújo. Durante apresentação do Boletim Regional do BC, em Curitiba, ele informou que houve aumento de 6% na comparação com o mês anterior. Em março, o avanço da média diária das concessões foi de 2,1% sobre fevereiro.
As taxas de juros e os spreads (a diferença entre o custo de captação dos bancos e a taxa cobrada dos clientes) caíram nos empréstimos para pessoas físicas e jurídicas em abril, segundo os dados apresentados pelo diretor do BC. “O mercado de crédito está indo muito bem”, avaliou.
O Banco Central trabalha com a perspectiva de reação na concessão de crédito e queda na inadimplência ao longo do ano, por conta da baixa taxa de desemprego, expansão da renda e recuo nas taxas de juros, disse Hamilton. Segundo ele, os níveis de inadimplência e endividamento das famílias brasileiras não são preocupantes.
“O endividamento das famílias no Brasil é muito menor do que em outras economias”, afirmou, observando que 22% da renda mensal das famílias é usada para pagar prestações e juros de dívidas. Ele acrescentou que, considerando que como a economia doméstica continuará a crescer, haverá mais espaço no orçamento para que os consumidores contratem novas operações de crédito.
A queda geral do spread foi de 1,5 ponto percentual em abril ante março, quando estava em 28 pontos percentuais. O spread recuou mais nos empréstimos para pessoa física (1,9 ponto no período) do que na jurídica (0,9 ponto percentual). “Importante é olhar a direção, a redução dos spreads é um movimento positivo.”
As taxas de juros, por sua vez, cederam 2 pontos percentuais em abril, em média. Em março, segundo o último relatório de operações de crédito do BC, o juro médio era de 37,3% ao ano. Para pessoa física, as taxas recuaram 2,3 pontos percentuais, enquanto para empresas a queda foi de 1,4 ponto.
Segundo o diretor do BC, as instituições financeiras estão mais dispostas a elevar a concessão de crédito, enquanto as famílias desejam obter financiamentos. “Há um sentimento mais positivo pelo lado da oferta (de crédito) e, no lado da demanda, a redução das taxas é, sem dúvida, um fator levado em consideração pelas famílias e pelas empresas. Isso mostra que o mercado de crédito está mostrando uma reação”, afirmou.
O relatório completo sobre operações de crédito do BC em abril está previsto para ser divulgado na sexta-feira.
Ao falar da recente desvalorização do real, Hamilton disse que o excesso de volatilidade no segmento é preocupante, mas que a instituição não tem uma meta para a taxa de câmbio.
“O câmbio repercute [neste momento] essencialmente a aversão ao risco no mercado internacional, mas isso faz parte. Tem certos momentos em que o câmbio responde mais a fundamentos domésticos do que à aversão ao risco, em outros momentos essa relação diminui”, afirmou. “O importante é que o mercado de câmbio esteja funcionando adequadamente de modo a refletir as situações. O que nos preocupa é o excesso de volatilidade. Não temos, nunca tivemos, [foco] no nível de taxa de câmbio.”