As agências de classificação de risco de crédito Standard & Poor’s e Fitch rebaixaram na terça-feira, dia 11, a nota de praticamente todos os bancos espanhóis de peso, equiparando o sistema financeiro espanhol ao do México. Com a decisão, o setor financeiro da Espanha deixa de ser considerado como um dos mais solventes do mundo e cai no mesmo grupo de países do Leste Europeu e economias emergentes.
No caso da S&P, o rebaixamento atingiu dez entidades, entre elas Santander, BBVA, Ibercaja, Kutxa, BBK e Sabadell. Segundo a agência, as perspectivas de crescimento da economia espanhola são baixas e o setor imobiliário continua em recessão.
“O sistema bancário acumulará uma maior quantidade de ativos problemáticos”, alertou a agência, indicando que isso limitará a capacidade dos bancos de investir na economia, prejudicando a recuperação.
No caso da Fitch, a decisão também foi a de rebaixar a nota de Santander, Banesto, BBVA, Caixabank, Banco Popular e Sabadell. A economia espanhola foi, de novo, ‘culpada’ pela revisão. Segundo a agência, a alta taxa de desemprego e a recessão no setor imobiliário continuarão a causar desafios para os bancos.
Ainda segundo a Fitch, mesmo bancos com presença internacional, como Santander e BBVA, não estarão imunes e suas presenças no Brasil e outros mercados não serão suficientes para que mantenham a atual classificação de risco. Isso porque muitos de seus ativos continuam na economia espanhola. No Santander, 30% dos ativos são espanhóis.
Em nota enviada ao Estado, o Santander no Brasil informou que “as unidades do grupo Santander são entidades independentes, com processo de avaliação de rating específico”. O banco observou que “a classificação do Santander Brasil foi hoje (ontem) reafirmada com perspectiva estável pelas agências, o que mostra a resiliência do modelo de filiais do Grupo Santander”.
Recapitalização
A Europa deve apresentar nesta quarta-feira, dia 12, uma série de medidas para exigir que os bancos passem por uma recapitalização de 100 bilhões para frear uma nova onda de quebra de instituições financeiras. No fim de semana, o maior banco belga, o Dexia, foi obrigado a ser nacionalizado para evitar mais um caos no sistema financeiro.
Agora, a União Europeia (UE) quer elevar de 5% para até 9% o montante mínimo de capital que as entidades devem manter em caixa. Isso, segundo os economistas da UE, seria suficiente para permitir que esses bancos superem momentos de tensão.
Os 100 bilhões extras seriam necessários para permitir que a nova crise que se abriu na economia mundial não cause novas falências nem exigindo que governos usem dinheiro público mais uma vez para resgatar os bancos.
As novas exigências forçarão uma série de bancos a passar por reformas profundas. Na Espanha, por exemplo, 17 das 24 instituições financeiras seriam reprovadas.Além da exigência de maior capital, o pacote da UE vai exigir novos testes de estresse aos bancos. Em julho, 90 bancos foram testados e a maioria passou no exame com notas altas. Um dos que foram aprovados foi o Dexia.