Bancários de Rondônia decidiram que entrarão em greve a partir da próxima terça-feira (6), por tempo indeterminado. A decisão, tomada em assembleia geral realizada na sede do Sindicato dos Bancários e Trabalhadores do Ramo Financeiro de Rondônia, em Porto Velho, é a forma que os trabalhadores vão adotar, mais uma vez, para pressionar os bancos a apresentarem uma proposta global decente, já que, neste ano, ofereceram um índice de reajuste salarial de 6,5% (o que representa perda real de 2,8%, de acordo com a inflação de 9,57%) e o pagamento de R$ 3 mil de abono, em parcela única, e que não reflete em férias, 13º, FGTS, VA, VR, auxílios e previdência.
Nas cinco mesas de negociação do Comando Nacional dos Bancários com a Federação Nacional dos Bancos (Fenaban) todas as reivindicações dos trabalhadores foram rechaçadas indiscriminadamente, e os bancos, além de apresentarem um índice rebaixado e um famigerado abono como 'cala a boca', sequer trataram das demais cláusulas de interesse da categoria, como saúde, segurança, fim do assédio moral, fim das metas abusivas, igualdade de oportunidades, PLR maior e a proteção ao emprego.
Além disso, acenaram para fim de benefícios, como o vale-cultura, que poderá será extinto a partir de dezembro.
"Os bancos alegam que o índice oferecido atende às reivindicações por se tratar de inflação projetada, mas nós estamos reivindicando a inflação que nós perdemos, e não a inflação futura. E essa política de abono, sabemos, nos anos 90 achatou os salários dos bancários, principalmente dos bancos públicos. Derrotamos essa política no ano passado, quando ofereceram abono e mais 5,5% e vamos ter que lutar para vencê-la de novo. E, para isso, não vejo outra alternativa a não ser ir à luta por meio da greve, pois os bancos não dão nada de graça", mencionou José Pinheiro, presidente do Sindicato.
O secretário geral Euryale Brasil explicou que somente os índices econômicos oferecidos pelos bancos não resolve os problemas dos bancários. "Temos companheiros adoecendo constantemente, pela pressão, pelas péssimas condições de trabalho e, assim como na Fenaban, a Caixa vem negando tudo, desde as conquistas da convenção coletiva do ano passado, e as reivindicadas nesta campanha. Portanto temos que fazer uma luta forte, com todo mundo fora das agências", destacou Euryale, que é empregado da Caixa Econômica Federal.
Já o secretário de Formação Sindical e Política do Sindicato, Cleiton dos Santos, foi enfático em afirmar que este é um momento crucial para que os bancários se unam com o objetivo único de garantir a própria sobrevivência.
"Agora é que a verdadeira luta vai começar. A privatização dos bancos públicos já é uma realidade, e isso comprova que agora ninguém estará a salvo, que qualquer um poderá perder o emprego. Portanto, não importa mais as cores e posições políticas que usamos e tomamos. Agora temos que nos unir senão vamos acabar sendo extintos", comentou.