Ao som de berimbaus e pandeiros que o Sindicato dos Bancários de Mato Grosso (SEEB-MT) foi às ruas por mais contratações de negros e negras nos bancos. A ação marcou o dia da abolição da escravidão no Brasil, nesta sexta-feira (13) em frente da agência Bradesco Centro, em Cuiabá.
Com a participação de um grupo de capoeira, uma das representações da cultura afro, o dia de luta dos bancários debateu com a população a necessidade da abolição do preconceito e mais contratações.
A ação foi motivada por dados da categoria, que demonstram que os negros e negras sofrem discriminação, e mesmo quando o ingresso é por concurso nos bancos públicos, a desigualdade se dá nos acessos às promoções e à ascensão na carreira.
Para o presidente do SEEB-MT, Arilson da Silva, o dia de luta serve para suscitar a discussão sobre o preconceito que existe e o número reduzido de profissionais negros no mercado de trabalho, sobretudo nos bancos. Essas distorções são ainda maiores se comparamos com os salários, onde os negros recebem menos, apesar de ter as mesmas qualificações.
“É vergonhoso os negros não estarem inseridos no mercado de trabalho como deveriam. Em Mato Grosso, em média, 19 % dos bancários são negros, e entre as bancárias este índice é menor, 13 %. Somos um Sindicato cidadão e vamos continuar na luta por igualdade de oportunidades e o fim do preconceito”, observa Arilson.
Herança cultural
O grupo de capoeira Centro Cultural Arundê marcou presença no ato e demonstrou a riqueza da cultura negra nas apresentações. O professor de capoeira Rogério Luz aproveitou o espaço de debate e observou que a discriminação também se mantém a respeito da capoeira que, segundo ele, é uma herança cultural dos negros. “Muitos são preconceituosos com a nossa cultura. A capoeira representa a luta pela liberdade e é por isso que estamos aqui”.
Durante o dia de luta, o SEEB-MT apresentou suas reivindicações acerca de mais contrações nos bancos, inclusão de negros, negras e pessoas com deficiência. Essa temática também será discutida na Campanha Nacional 2011. cuja organização já está começando em todo país.
De acordo com pesquisa realizada no setor financeiro em todo país, os negros e negras constituem 35,7% da População Economicamente Ativa (PEA), mas ocupam apenas 19% dos postos de trabalho no sistema financeiro. Além disso, ganham em média, 64% da remuneração paga aos brancos. A situação é ainda mais grave em se tratando da mulher negra, ainda mais discriminada em postos de trabalho do setor.