Funcionários e clientes apoiam protestos pelo fim das demissões
A jornada nacional de luta dos funcionários do Santander entrou na sua segunda semana percorrendo unidades bancárias da zona oeste de São Paulo, onde dirigentes sindicais denunciaram a clientes e funcionários a gestão adotada pelo banco, que prioriza o corte de custos por meio das demissões.
Em todas as agências visitadas na segunda-feira 19, os funcionários apoiaram a jornada e mostraram indignação quando informados que os altos executivos recebem em média quase R$ 460 mil por mês entre salário e bonificações.
A fúria ficou ainda mais evidente entre os empregados quando souberam que os 46 integrantes da diretoria executiva aprovaram um aumento de até 48,3% na própria remuneração.
“É revoltante”, exclamou um bancário de uma unidade localizada na avenida faria Lima. “Eles recebem essa fortuna, enquanto a gente é massacrado todos os dias para bater metas impossíveis e ainda convivemos o tempo todo com a ameaça de demissão e com o acumulo de trabalho”, desabafou.
Gestão incoerente
Outra funcionária conta que, na sua agência, seis dos nove gerentes foram demitidos nos últimos meses. “Dois deles trabalhavam há 25 anos no banco. Faltava pouco para a aposentadoria. É um desrespeito. Nos sentimos abandonados, porque o Santander não repõe os demitidos, e inseguros, porque podemos ser os próximos.”
“É uma gestão incoerente, que prioriza o corte de custos por meio das demissões, e isso interfere na qualidade do atendimento”, classifica o diretor do Sindicato Ramilton Marcolino.
Menos agências e mais clientes
O Santander passou de 27,3 milhões de clientes em 2012 para 30 milhões no ano passado, aumento de 10%. O número de funcionários, que era 53.484 em março de 2013, caiu para 48.651 em março deste ano.
No ano passado, o banco espanhol liderou por oito meses o ranking de reclamações do Banco Central, posição que manteve nos três primeiros meses de 2014. Em abril, ficou em segundo lugar, bem próximo ao HSBC.
“Piorou bastante o atendimento”, avalia uma cliente. “Outro dia precisei ligar no SAC para resolver um problema no cartão de crédito e a minha impressão é que a moça não tinha treinamento adequado. Estava muito nervosa. O problema ainda não foi resolvido. Já tentei resolver na agência, mas aqui também nunca tem funcionário para me ajudar. Essas coisas me cansam”, disse.
Queda no lucro
O aumento no número de clientes, assim como as demissões e o fechamento de agências, não ajudou nos resultados do banco. O Santander experimentou queda de 9,7% do seu lucro entre 2012 e 2013, período em que fechou 4.371 postos de trabalho.
“Acho que para o banco voltar a crescer tem que mudar muita coisa, principalmente as condições de trabalho”, avalia uma bancária. “E se melhorar para nós, vai melhorar para os clientes e também para o banco. Todos ganham”, finaliza.