Bancários reforçam luta contra discriminações e por igualdade racial
O 20 de novembro é um símbolo para todo o movimento negro do Brasil. Não só pelo Dia Nacional da Consciência Negra, mas também por marcar a morte de Zumbi dos Palmares, em 1695, herói da resistência contra a escravidão e representante maior da luta pela liberdade.
Zumbi foi o principal líder do Quilombo dos Palmares, fundado em 1597 por escravos foragidos de engenhos na Serra da Barriga, onde é hoje o estado do Alagoas. Ele foi morto há exatos 319 anos em uma emboscada. Torturado e decapitado, sua cabeça ficou exposta em praça pública, em Recife.
Além de manter viva a memória de Zumbi, o Dia Nacional da Consciência Negra traz uma reflexão sobre a situação atual da população negra no país. Em todo o território nacional, a data foi instituída pela lei federal nº 10.639, de janeiro de 2003. Essa mesma legislação tornou obrigatório o ensino sobre história e cultura afro-brasileira em escolas públicas, constituindo um marco na luta pela igualdade racial.
Neste dia, entidades da sociedade civil brasileira realizam atividades para chamar a atenção e mobilizar a população contra o racismo velado que ainda existe no Brasil. Essas manifestações têm o objetivo de funcionar como uma partida para a consciência por equidade.
Para combater o racismo, a discriminação e o preconceito, a Contraf-CUT lançou edição especial do Jornal dos Bancários, na qual busca fomentar a mobilização da categoria bancária para a importância de conquistar igualdade racial no sistema financeiro brasileiro.
> Clique aqui para ler o jornal especial da Contraf-CUT.
A Central Única dos Trabalhadores (CUT), por meio da Secretaria Nacional de Combate ao Racismo, deflagrou neste mês de novembro campanha nacional sob o slogan “Basta de racismo no trabalho e na vida”, como parte do calendário de comemorações pelo Dia Nacional da Consciência Negra.
Com essa iniciativa, a CUT pretende fortalecer um amplo movimento por mudanças capazes de realizar projetos por um novo Brasil sem racismo, sem machismo, sem intolerância religiosa e sem discriminação de qualquer natureza.
A expectativa da CUT é que a mobilização contra o racismo conscientize a classe trabalhadora da necessidade de unidade para acabar com a diferenciação de cor no Brasil, “que não traz benefícios às pessoas e tampouco à sociedade”.
Manifesto lançado pela entidade lembra que “a cultura e o padrão estético negro e africano convivem com um padrão estético e cultural branco europeu, no Brasil, de maneira tensa e escamoteada”. É dito também que “nem a forte presença da cultura negra nem o fato de 51% da população brasileira ser composta por negros, de acordo com o último censo do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE), têm sido suficientes para eliminar ideologias, desigualdades e estereótipos racistas”.
Discriminação na categoria bancária
O exemplo do preconceito e da discriminação contra os negros persistem também no ambiente bancário. O segundo Censo da Diversidade, realizado entre 17 de março e 9 de maio de 2014, comprova que negros e negras continuam sendo vítimas de racismo nos bancos e da carência de políticas afirmativas para garantir igualdade na contratação, na remuneração e na ascensão profissional. Essa pesquisa envolveu 187.411 bancários de 18 instituições financeiras do país, o que representa 40,8% da categoria.
Entre 2008 e 2014, considerando pretos e pardos, a população negra nos bancos passou de 19% para 24,7%. No tocante à remuneração e ascensão profissional, os negros ganham até 18% menos que os brancos. As mulheres negras são ainda mais discriminadas, pois recebem até 38% menos que os homens brancos.
Os negros também têm baixa participação nos cargos de diretoria e superintendência dos bancos. Diante disso, o movimento sindical bancário luta para que os negros e as negras ocupem todas as funções, a fim de sair da invisibilidade em que se encontram na maioria das agências bancárias.
No âmbito do conjunto da sociedade, no entanto, a desigualdade e a discriminação vividos pelos negros são nocivos à democracia social e econômica no país. Essa segregação em nível de mercado de trabalho se expressa através de indicadores desfavoráveis de emprego e pelo rendimento e qualidade de ocupação, devido sobretudo à baixa escolaridade, dificuldade de acesso à educação e à maior incidência da pobreza.
Para corrigir as distorções existentes, o grito ecoa no ar: é tempo de promover igualdade no trabalho e na vida.