(Recife) Um trio pé-de-serra deu o tom nos protestos desta terça, 10, contra a emenda 3 em Pernambuco. Uma versão do forró "Na emenda", do Trio Nordestino, foi a marca dos protestos dos bancários em frente à Caixa Cais do Apolo, em Recife. "Essa tal de emenda três, já falei, falo outra vez, só vai nos prejudicar", cantaram os manifestantes. Logo cedo, no início da manhã, o ato foi no aeroporto, comandado pela CUT – Central Única dos Trabalhadores. O Sindicato dos Bancários marcou presença, na atividade organizada para pressionar os parlamentares pernambucanos que embarcaram para Brasília.
Nas agência, os bancários alertaram a população e distribuíram o jornal produzido pela CUT, que detalha a ameaça que a emenda 3 representa para os trabalhadores. Que se diga: ao retirar dos fiscais do trabalho o poder de exercer a fiscalização sobre empresas que contratam prestadores de serviços, ela abre espaço para a retirada de direitos.
Nos bancos, os trabalhadores já sentem na pele o que significa isso. Boa parte dos bancos privados repassa para PJs – Pessoas Jurídicas atribuições como as de analista de sistemas, engenheiros, advogados, entre outras. "No Bradesco, por exemplo, eles pagam um pouco mais para que o bancário se torne Pessoa Jurídica. Desta forma, ele perde todos os direitos da categoria e ainda deixa mais vulnerável a organização dos trabalhadores", afirma Leonardo Espíndola, secretário de Finanças do Sindicato e representante do Nordeste na Comissão de Empregados do Bradesco. Uma realidade muito comum, e que só tinha a piorar com a liberação da emenda 3.
A pressão das centrais sindicais é para que o veto do presidente Lula não seja votado. Isso por que a apreciação de vetos presidenciais é feita de forma secreta. Ou seja: a população não saberia como votou cada político, o que aumentaria as chances de derrubada do veto.
A líder do PT no Senado, Ideli Salvatti -SC, disse na terça, 10 que o governo está preparando alterações no projeto de lei que trata da relação entre empresas e prestadores de serviços registrados como pessoa jurídica, na qual trabalha um único profissional. O projeto foi enviado ao Congresso em março como uma alternativa à Emenda 3. Ela disse que "o presidente Lula teve uma fala muito dura sobre a Emenda 3 durante o jantar (no mês passado) com a bancada do PT. Ele disse que se fosse derrubado o veto da Emenda 3, e que não ficasse configurado o direito de fiscalização num país onde ainda existe o trabalho escravo, ele iria até às últimas conseqüências".
Segundo a CUT, mais de cem mil trabalhadores realizaram paralisações no dia de hoje. Em São Paulo, por exemplo, pararam 5 mil bancários de 25 agências; 1000 químicos na capital e outros 3 mil no ABC paulista; 50 mil metalúrgicos e 3 mil motoristas do ABC; 3.500 petroleiros de Campinas; 5 mil motoristas e 5 mil operários da zona industrial de Sorocaba.
Fonte: Fabiana Coelho – Seec PE