FSM: painel sobre crédito solidário é sucesso de público

Cerca de 100 pessoas lotaram na manhã da última sexta-feira, 30, a sala de aula AP-04 da UFPA, onde a AEBA promoveu o painel “Crédito Solidário para o desenvolvimento sustentável da Pan-Amazônia”. O evento integrou a programação oficial do Fórum Social Mundial e foi resultado de uma parceria entre AEBA, AFBEPA, AFBNB e FETEC-CN.

O painel foi uma oportunidade para que ativistas sociais pudessem discutir um modelo de crédito, que valorizasse o ser humano e não priorizasse, unicamente, o lucro de grandes empresas. O expositor foi o assessor da AEBA e professor do curso de Economia da UFPA, Hélio Mairata, e os debatedores foram o economista do Banpará, Jorge Antunes, o engenheiro agrônomo do Banco da Amazônia, Mário Jorge Rocha, e o gerente do Banco Tupinambá, o primeiro banco comunitário da Amazônia, Marivaldo Silva.

Em pouco mais de três horas de discussão, além das entidades promotoras, estiveram presentes, representantes da CONTRAF-CUT, da AABA, do Centro Público de Economia Solidária da Bahia, dos Sindicatos dos Bancários de Mato Grosso e de Brasília, a secretária municipal de governo de Santarém e a vice-prefeita do município de Ananindeua, Sandra Batista.

Em sua exposição, o professor Hélio Mairata fez uma análise histórica sobre economia solidária e criticou a concentração de renda no Brasil e na Amazônia. “É necessário que tenhamos políticas públicas que permitam o desenvolvimento da região. Mas para serem efetivas, elas precisam estar envolvidas dentro de um novo modelo econômico, pois um novo mundo é possível”, afirmou Mairata.

O professor destacou a importância da solidariedade e do cooperativismo, como formas de garantir crédito a pessoas e pequenos produtores, que estão fora do sistema de crédito tradicional dos bancos. “A economia solidária é uma forma de produção, consumo e distribuição de riqueza centrada na valorização do ser humano, e não no capital, de base associativista e cooperativista, voltada para a produção, consumo de bens e serviços”, explicou.

Durante o painel, o professor propôs que as entidades presentes pudessem se juntar para elaborar um Programa de Crédito Solidário, voltado para associações de pequenos produtores localizadas na Pan-Amazônia e organizadas por meio de Arranjos Produtivos Locais. A intenção é encaminhar a proposta à Secretaria Nacional de Economia Solidária, para que negocie com o BNDES a disponibilização de recursos financeiros para implantar a iniciativa em comunidades de toda a Pan-Amazônia.

Outras experiências são destacadas

No painel, foram destacadas experiências de programas de crédito solidário na região amazônica. O economista do Banpará, Jorge Antunes, explicou o trabalho que desenvolve à frente do Programa Estadual de Microcrédito Solidário (Credpará), que facilita o crédito a pequenos produtores do Pará. Além dele, o engenheiro agrônomo do Banco da Amazônia, Mário Jorge Rocha, falou sobre microcrédito por meio de grupo solidário, a partir das experiências vivenciadas no Programa Amazônia Florescer.

Mas uma das experiências que mais chamou atenção, durante o painel, foi a do Banco Tupinambá, o primeiro banco comunitário da Amazônia, inaugurado no último dia 19 de dezembro, na comunidade Baía do Sol, na ilha de Mosqueiro, no Estado do Pará. O gerente do banco, Marivaldo Silva, revelou que a instituição tem moeda própria, com circulação restrita a própria comunidade, incentivando o consumo local, a fim de permitir o crescimento dos pequenos comerciantes da área e o desenvolvimento da economia na comunidade, por meio do crédito solidário.

Após as exposições, foi proposto que a AEBA aprofunde a discussão sobre o tema, por meio de seminários, mobilizações e reuniões com entidades parceiras, a fim de sensibilizar o BNDES, para que financie o Programa de Crédito Solidário, fortalecendo um modelo econômico alternativo. “Com essa iniciativa, a AEBA contribui para criar condições mínimas para o desenvolvimento de pequenas comunidades, garantindo a melhoria da qualidade de vida e o respeito ao meio-ambiente”, garantiu o presidente da entidade, Sérgio Trindade.

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