Bancários apontaram principais problemas de segurança nos bancos
A Contraf-CUT se reuniu pela primeira vez na manhã desta terça-feira (9) com a nova coordenadora da Comissão Consultiva para Assuntos de Segurança Privada (CCASP) da Polícia Federal (PF), delegada Silvana Helena Vieira Borges, em Brasília. Ela substitui o delegado Clyton Eustáquio Xavier, que tomou posse no dia 21 de maio como novo superintendente da PF em Santa Catarina.
“Foi uma visita de cortesia que fizemos para dar as boas vindas, apresentar a Comissão Nacional de Segurança Bancária e apontar as principais preocupações dos bancários diante da insegurança nos bancos”, destacou o secretário de imprensa da Contraf-CUT e coordenador da Comissão Nacional de Segurança Bancária, Ademir Wiederkehr.
Estiveram presentes representantes da Fetec-SP, Fetraf-MG e Feeb BA-SE, bem como dirigentes dos sindicatos de São Paulo, Rio de Janeiro, Belo Horizonte, Bahia e ABC.
Ademir entregou para a delegada uma cópia da última pesquisa nacional de ataques a bancos, realizada pela Contraf-CUT e Confederação Nacional dos Vigilantes (CNTV) com dados de 2012, que apresentou 2.520 ocorrências, um crescimento de 56,89% e uma média assustadora de 6,92 casos por dia.
Insegurança
Os bancários aproveitaram para alertar a nova coordenadora da CCASP para o descaso dos bancos com a segurança. “Eles estão usando as filas e a insegurança para empurrar os clientes aos canais alternativos de atendimento, como internet e celular, para reduzir ainda mais os custos e aumentar os lucros”, denunciou Ademir.
Os dirigentes sindicais defenderam a importância da atualização da lei federal nº 7.102/83. “Essa legislação está completando 30 anos e hoje está defasada. Mesmo assim, ainda vem sendo descumprida. Apresentamos diversas propostas para a construção do projeto de estatuto da segurança privada, que está sendo finalizado pelo governo, e esperamos que o texto final traga avanços concretos para proteger a vida das pessoas e prevenir assaltos e sequestros”, acentuou o diretor da Contraf-CUT.
A ampliação de equipamentos de prevenção foi defendida pelos bancários. “Destacamos a porta giratória antes do autoatendimento em agências e postos de atendimento, câmeras internas e externas com monitoramento em tempo real, biombos em frente aos caixas e divisórias entre os caixas eletrônicos, guarda-volumes, dentre outros itens”, ressaltou Leonardo Fonseca, diretor do Sindicato dos Bancários de Belo Horizonte.
“Apontamos também que vários bancos continuam usando bancários para fazer transporte ilegal de valores, bem como instalando caixas eletrônicos em locais inseguros e abrindo agências sem aprovação do plano de segurança pela PF”, enfatizou Daniel Reis, diretor do Sindicato dos Bancários de São Paulo.
Precarização
A precarização do atendimento, através de lotéricas, banco postal e correspondentes bancários, também foi enfatizada pelos bancários, uma vez que isso gera insegurança, pois esses estabelecimentos não possuem vigilantes e quase não têm equipamentos de prevenção.
“A segmentação de clientes, por meio de agências tipo prime, personnalité, estilo e select, dentre outras, também está preocupando os bancários, na medida em que os vários bancos acham que essas unidades não precisam de planos de segurança, o que é ilegal, pois há movimentação de numerário”, frisou André Spiga, diretor do Sindicato dos Bancários do Rio de Janeiro.
Foi denunciada também a prática do Santander de utilizar bancários em várias agências, com mesa e cadeira em pleno autoatendimento, para vender produtos aos clientes. O presidente do Sindicato dos Bancários do ABC, Eric Nilson, alertou que “esse procedimento coloca em risco a vida de bancários, vigilantes e clientes”. A delegada se manifestou contrária a essa prática. “Não concordo em usar o autoatendimento para fazer negócios”, disse Silvana.
Os bancários criticaram ainda a postura de vários bancos em abrir agências sem vigilantes quando os trabalhadores em segurança entram em greve, pois, além de descumprirem a lei 7.102/83, colocam em risco a vida de bancários e clientes. “Já obtivemos decisões judiciais obrigando os bancos a fechar agências abertas sem vigilantes”, declarou Adelmo Andrade, diretor do Sindicato dos Bancários da Bahia.
A nova coordenadora da CCASP ouviu os problemas apontados pelos bancários e colocou-se à disposição para buscar soluções no âmbito da Polícia Federal.
Próxima reunião da CCASP
A Polícia Federal realiza no próximo dia 17, às 9 horas, a 97ª reunião CCASP, em Brasília. Estarão em julgamento processos movidos contra bancos, empresas de vigilância e transporte de valores, e centros de formação de vigilantes, em razão do descumprimento da lei federal nº 7.102/83 e das normas de segurança.
Essa será a segunda reunião em 2013 e a primeira a ser presidida pela nova coordenadora da CCASP.
Reunião do Coletivo Nacional
Na véspera da reunião da CCASP, a Contraf-CUT reúne o Coletivo Nacional de Segurança Bancária no dia 16, às 14 horas, nas dependências do Sindicato dos Bancários de Brasília. “Vamos analisar os processos em pauta e definir o posicionamento dos bancários, além de discutir outros assuntos de segurança”, concluiu Ademir.