(São Paulo) Mal começou a temporada de balanços e os bancos repetem a dose do que já virou até rotina: novos recordes de crescimento do lucro.
Ter um banco no Brasil é um negócio da China. Basta ver a briga que está sendo travada entre vários bancos internacionais – como o Barclays, HSBC e Santander – pelo controle do ABN Amro e do Real ABN no Brasil. O braço do grupo holandês no Brasil encerrou o primeiro trimestre deste ano com lucro líquido de R$ 622 milhões, crescimento de 82% sobre o mesmo período de 2006, quando o ganho ficou em R$ 342 milhões.
No Santander Banespa, empresa do espanhol Grupo Santander, o lucro líquido foi de R$ 559 milhões, 22% maior na comparação com o mesmo período de 2006.
No Unibanco, que teve lucro de R$ 581 milhões para o primeiro trimestre do ano, crescimento foi de 11,7%. No Bradesco, o valor de R$ 1,705 bilhão foi 11,4% maior que o resultado do primeiro trimestre de 2006. O lucro do Itaú cresceu mais: 30% mais no primeiro trimestre de 2007 em relação ao mesmo período do ano passado e chegou a R$ 1,90 bilhão.
“Os balanços apontam para mais um ano de crescimento expressivo para o setor financeiro. E os bancários vão cobrar sua parte, afinal boa parte do crescimento desses lucros vem da arrecadação com tarifas que vem do árduo trabalho dos funcionários no dia-a-dia”, diz o presidente do Sindicato, Luiz Cláudio Marcolino.
Justiça
Nem todas as instituições publicaram seus balanços na íntegra, mas, usando como parâmetro Bradesco e Itaú, que já fizeram a divulgação, é possível perceber que falta muito para tornar mais justa a distribuição dos lucros entre os trabalhadores.
Para ter uma idéia, se somente 5% do que o Bradesco arrecadou com tarifas fosse distribuído igualmente entre todos os funcionários, cada um receberia R$ 2.025,86*. Veja bem, isso somente em relação à receita de prestação de serviços dos três primeiros meses de 2007. Se distribuísse apenas 5% do arrecadado com a administração das contas correntes, o banco pagaria a cada funcionário R$ 454,32. Pelo serviço de cartão de crédito, cada bancário receberia R$ 441,23.
No Itaú, pela mesma conta*, cada trabalhador receberia R$ 1.938,81; pela administração das contas correntes seriam R$ 324,24 e pelos serviços de cartão de crédito, R$ 461,47.
O balanço divulgado pelo Unibanco não permite cálculos mais aprofundados, mas a divisão de 5% do arrecadado com tarifas somente no primeiro trimestre renderia a cada bancário R$ 1.318,22.
(*De acordo com cálculos feitos pela Secretaria de Estudos Socioeconômicos do Sindicato com base nos balanços dos bancos).
Fonte: Cláudia Motta, Seeb-SP