Duas agências bancárias, uma do Banco do Brasil e outra do Sicredi, foram assaltadas simultaneamente nessa segunda-feira, 12 de setembro, em Tapurah, cidade do médio norte de Mato Grosso, que fica a 433 quilômetros de Cuiabá.
Nos moldes do “novo cangaço”, os ladrões usaram funcionários e clientes como escudo humano para executar uma das ações mais agressivas, audaciosas e demoradas já registradas no estado de Mato Grosso.
Os dados deste ano, de acordo com o Sindicato dos Bancários de Mato Grosso (Seeb-MT), já superam o número de ações de criminosos nos bancos que era de 19 contra as 24 até a segunda-feira (12). Como forma de dialogar com o poder público sobre segurança bancária, o Sindicato esteve reunido com o secretário de Segurança Pública de Mato Grosso, Diógenes Curado, para que ações sejam feitas com urgência.
“Infelizmente, mais duas ações aumentam a estatística do medo em Mato Grosso. Bancários e a população estão em estado de pânico com a onda de assaltos. Esperamos que o plano de ação tática do Estado seja aplicado imediatamente para que mais pessoas não sejam vítimas”, diz Arilson Silva, presidente do Sindicato dos Bancários de Mato Grosso.
O assalto durou uma hora e 20 minutos, começou às 12h50 e só terminou às 14h10, segundo testemunhas. Usando uniforme que se assemelhava ao dos militares (o verde floral da farda camuflada), capuz e metralhadoras, os ladrões chegaram apavorando a população.
Depois de render os quatro policiais militares que estavam de serviço, o grupo se dividiu em dois para invadir as agências, que ficam na mesma rua, uma de frente para a outra.
Com tiros de metralhadoras, destruíram as portas de entradas, caixas-eletrônicos e outros equipamentos. Também dispararam tiros a esmo, principalmente para cima, com o objetivo de intimidar os reféns.
Na frente das agências, os ladrões atearam fogo em uma caminhonete roubada de um comerciante local. Em seguida, fugiram levando mais de 30 pessoas como reféns. Uma delas, E.S.F., foi colocada sobre o capô do carro porque, segundo ele, não havia mais espaço na carroceria do carro.
Não se sabe quanto os ladrões levaram em dinheiro, mas os comentários na cidade são de que passaria uma quantia em dinheiro. Apenas em dois caixas do Banco do Brasil teriam sido roubados uma quantia em dinheiro, segundo o empresário E.S.P., dono de um comércio vizinho aos bancos.
Além do dinheiro dos bancos, os ladrões também roubaram quem estava chegando ou na fila das agências para fazer depósito. O filho desse empresário, que também ficou como refém, estava com um malote com uma quantia em dinheiro e outros cheques para depositar no Sicredi.
“Tomaram o malote dele, retiraram o dinheiro e devolveram os cheques”, contou o empresário. As mulheres que estavam com criança de colo e os idosos, contou outra testemunha por telefone, foram liberados das agências assim que os assaltaram começaram.
Todas as testemunhas foram liberadas alguns quilômetros depois da saída da cidade. A Polícia Militar mobilizou mais de 60 homens de unidades das cidades mais próximas, como Lucas do Rio Verde e Sinop. Dois helicópteros e policiais do Bope também estão integrando a caçada aos ladrões.
As suspeitas são de que os bandidos estão escondidos na mata tentando fugir pelo rio Arinos.
Esse é o segundo assalto a banco nos moldes do “novo cangaço” praticado no interior do Estado em duas semanas. No dia 30 de agosto, em Campo Novo do Parecis, um bando armado levou cerca de R$ 1 milhão do Banco do Brasil.
“Está mais do que na hora dos bancos fazerem sua parte com investimento em segurança bancária, como por exemplo, instalação de vidros blindados nas fachadas, biombos, portas giratórias e câmara dentro e fora do prédio para identificar os ladrões. O investimento em segurança bancária é urgente”, conclui Arilson.