(São Paulo) Pela primeira vez, o Departamento Intersindical de Estatística e Estudos Socioeconômicos (Dieese) e a Fundação Seade realizaram a Pesquisa de Emprego e Desemprego (PED) em regiões do interior do país. Desenvolvido em convênio com o Ministério do Trabalho e Emprego, o levantamento foi feito nas regiões de Pelotas (RS) e de Caruaru (PE), entre setembro e novembro do ano passado.
Os resultados, que acabaram de ser divulgados, derrubaram o mito de prosperidade no Sul e de pobreza no Nordeste. “Sempre se espera que no Sul o mercado de trabalho reaja melhor, mas não foi o que se constatou”, disse Lúcia Garcia, coordenadora-técnica do Sistema PED pelo Dieese.
Tradicionalmente a PED é realizada nas regiões metropolitanas. A iniciativa da pesquisa nessas duas áreas do país teve como objetivo verificar as diferenças entre a absorção de trabalhadores nas regiões metropolitanas e nos pólos urbanos do interior.
Diferenças
De acordo com a pesquisa, na época do levantamento, o desemprego em Caruaru era de 13,7%, enquanto em Pelotas chegava a 20,8%. Isso significa que de cada 100 trabalhadores de Caruaru, 14 estavam desempregados. Em Pelotas, eram 21.
A pesquisadora observou que a região de Pelotas é pioneira na indústria – a primeira na industrialização de charque -, mas entrou em decadência no início dos anos 90, com a abertura da economia. A cidade não conseguiu reagir e estava, no período pesquisado, na “apatia social”.
Caruaru criou um pólo de confecção, com a produção de jeans e, no período do levantamento, registrava dinamismo no mercado de trabalho. Para se ter uma idéia, 30% dos ocupados em Caruaru estavam empregados na indústria e, em Pelotas, apenas 10%. Um fato chama atenção nas duas cidades: a precariedade no mercado de trabalho é alta em ambas. Em Caruaru, os autônomos chegam a 36,2% e, em Pelotas, a 27,1%. “As empresas também arregimentavam crianças e adolescentes”, conta Lúcia. Em Caruaru, 26% dos trabalhadores eram crianças entre 10 e 16 anos e, em Pelotas, 12%.
Fonte: MeuSalário/Dieese