Santander planeja sociedade com banco Chinês para preencher varejo global

Financial Times
Victor Mallet e Jamil Anderlini, de Madri e Pequim

O Santander, maior banco na zona do euro, está planejando firmar uma sociedade com o China Construction Bank (CCB), num primeiro passo cauteloso rumo ao preenchimento da lacuna asiática na sua rede de varejo global.

O banco espanhol não quis comentar ontem, mas fontes internas do setor bancário na Espanha e na China disseram que o empreendimento de risco – que ainda precisa ser formalmente assinado pelos dois lados ou aprovado pelas autoridades chinesas – se concentrará no sistema bancário rural e no financiamento de automóveis.

O jornal chinês oficial “China Daily”, que deu a notícia, disse que uma controladora financeira conjunta provavelmente será estabelecida com capital inicial de 3 bilhões de yuan (US$ 439 milhões), aumentando para 5 bilhões de yuan em três anos.

O CCB deteria uma participação de 60% e o Santander, o resto, num empreendimento conjunto cujas operações incluiriam abrir 100 bancos em pequenas cidades.

Era praticamente inevitável que o Santander – depois das aquisições no Reino Unido, Américas e Europa continental – investisse na China, apesar de os executivos mais graduados do banco insistirem em afirmar que não têm planos para acordos de grande porte na Ásia.

“Um grande salto da Espanha para a China ou Tailândia ou Hong Kong ou Cingapura é, como dizem no circo, um salto triplo mortal sem uma rede de proteção”, disse Alfredo Sáenz, executivo-chefe do Santander, ao “Financial Times”, há três meses.

O BBVA, segundo maior banco espanhol, gastou no mês passado ? 1 bilhão (US$ 1,45 bilhão) adicional para elevar a sua participação acionária no China Citic Bank (CCB) para 15%. Os dois bancos também possuem uma sociedade de financiamento de automóveis na qual o BBVA detém 35%.

O Criteria CaixaCorp, a divisão de investimento listada em bolsa do La Caixa, a instituição de empréstimo e poupança com sede em Barcelona, concordou há duas semanas em pagar ? 331 milhões para elevar a sua fatia no Bank of East Asia (BEA), de 9,81% para 15%. O BEA tem sede em Hong Kong, mas detém sólida presença de agências de varejo na China continental.

Ao contrário dos seus rivais ocidentais, os bancos espanhóis de maior porte têm sobrevivido à crise financeira com saúde relativamente boa e estão ansiosos para se expandir para fora da Espanha na esteira do colapso da bolha imobiliária no país.

Não está claro quão rentável será o sistema bancário rural chinês, mas nos anos recentes Pequim tem incentivado bancos nacionais e estrangeiros a estender serviços às vastas zonas remotas, onde milhões de cidadãos não têm nenhum acesso a serviços financeiros.

Por solicitação do governo, bancos chineses, como o CCB, Agricultural Bank of China e Industrial and Commercial Bank of China, começaram a reverter suas políticas anteriores, de fechamento de milhares de agências em lugares remotos e não rentáveis.

Entre os bancos estrangeiros até o momento, HSBC, Standard Chartered e Citibank atenderam o chamado de estabelecer operações rurais, mas a expansão tem sido lenta e alguns analistas sugerem que esses bancos abriram agências rurais em parte para agradar Pequim.

O governo chinês quer que os cidadãos nas áreas rurais sejam atendidos pelos grandes bancos comerciais no lugar das centenas de cooperativas de crédito mal administradas e subcapitalizadas que atualmente operam como bancos locais.

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