Assembleia deflagra greve na Volks em defesa do emprego
Cerca de 7 mil trabalhadores na Volks, em São Bernardo do Campo (SP), aprovaram durante assembleia realizada nesta terça-feira, dia 6, greve por tempo indeterminado em protesto contra a decisão de demitir 800 companheiros.
A decisão abrange os 13 mil metalúrgicos dos três turnos na fábrica. Nova assembleia com o pessoal da tarde acontecerá ainda nesta terça, às 14h20.
Os trabalhadores souberam de sua demissão por meio de cartas que falava para não retornarem aos seus postos de trabalho após o fim das férias coletivas, que aconteceu hoje.
A correspondência começou a ser enviada pela empresa no dia 30 de dezembro e já chegou a 800 funcionários. Além deles, a ameaça de demissão existe para outros 1.300 trabalhadores, já que a Volks anunciou publicamente a sua avaliação de que existem 2.100 excedentes na fábrica do ABC.
“Não podemos aceitar esta demissão em massa”, afirmou o secretário-geral do Sindicato, Wagner Santana, o Wagnão, durante a assembleia pela manhã. Para ele, mesmo os trabalhadores tendo rejeitado a proposta negociada em dezembro passado, ainda está em vigência o acordo aprovado em 2012.
“Pelo acordo não poderia ocorrer demissões na fábrica desta forma unilateral como aconteceu”, criticou.
Segundo Wagnão, em junho de 2014 representantes da montadora procuraram o Sindicato para relatar que não tinham como manter o acordo. Assim as negociações de uma nova proposta foram iniciadas.
“Após a rejeição desta proposta pelos trabalhadores em assembleia, a empresa rompeu o acordo e teve essa iniciativa de se livrar daquilo que ela computa como custo, mas que para nós são pais e mães de família”, disse.
“Precisamos reequilibrar as relações entre capital e trabalho e isso só será feito de forma coletiva e solidária”, completou o secretário-geral do Sindicato.
O presidente do Sindicato, Rafael Marques, também afirmou durante a assembleia de hoje que a demissão de um trabalhador não pode ser a saída para enfrentar os problemas desta ou de outra empresa. “Precisamos de um mecanismo que seja uma vacina permanente para estas situações”, defendeu.
Rafael lembrou que há tempos o Sindicato, com apoio da CUT, conversa com as demais centrais sindicais para viabilizar um sistema de proteção ao emprego junto ao governo federal.
“Esta proteção já existe em alguns países, que conseguiram com isso diminuir o impacto da crise europeia sobre suas economias, como é o caso da própria Alemanha, que abriga a matriz da Volks”, avaliou.
“Essa política de proteção ao emprego evita que o trabalhador pague o preço pelas oscilações que são frequentes no mercado, se já existisse poderia ter sido utilizada no caso desta planta da Volks”, disse.
No final da assembleia, os companheiros voltaram para o interior da fábrica, mas sem produzir um único carro.
Em torno de mil trabalhadores da Ala 17 (Engenharia) foram dispensados para retornarem às suas casas, onde devem permanecer até as próximas orientações do Sindicato.
Por volta das 14h20 e das 21h, os metalúrgicos do turno da tarde e noite também apreciarão a proposta do Sindicato de greve por tempo indeterminado.