Por William Mendes*
Nestes tempos de negociações entre nós bancários e eles banqueiros, é recorrente os correios eletrônicos dos trabalhadores com dúvidas acerca da PLR conquistada por nós desde 1995 e que, ano a ano, procuramos melhorá-la para aqueles que, efetivamente, geram os lucros recordes seguidos dos bancos: seus funcionários.
A Contraf-CUT publicou um artigo de Vagner Freitas, seu presidente, “Bancos podem e devem pagar PLR maior, mas só greve irá convencê-los”, chamando aos bancários para a mobilização para que todos tenham uma PLR melhor.
Como negociador da Contraf-CUT junto ao Banco do Brasil, sempre tiro dúvidas dos colegas acerca desta conquista recente para os bancários deste banco, pois antes da greve histórica de 2003, não tínhamos PLR.
HISTÓRICO NO BB
Desde o final da década de 90, os funcionários do BB trabalhavam no intuito de serem reconhecidos como bancários e terem os direitos que a CCT (Convenção Coletiva Nacional) proporcionava aos trabalhadores em todo o país. Era o debate da unidade da categoria. Naquele período, os funcionários dos bancos públicos sofriam um ataque violento da política neoliberal dos tucanos.
Foram anos de PDV (plano de demissão voluntária), demissões e perseguições que eliminaram 50 mil postos de trabalho; julgamentos no TST impetrados pela famigerada Contec, que levaram os colegas do BB ao congelamento de salários (os juízes concordavam com a tese neoliberal do “custo vegetativo” das folhas de pagamento dos bancos públicos – diziam por em risco o “plano real”). Julgamentos que também levaram à perda do PCS que tínhamos até 1996 e do anuênio em 1999.
Até 2002, o banco havia feito um “monstrengo” de programa de distribuição de lucros unilateral, sem acordo com a CNB/CUT e, por 9 semestres, pagou valores que variavam de alguns reais para o povão e 100 vezes mais para os executivos (de R$ 180 para escriturários a R$ 20.000 para os executivos). É importante lembrar também que milhares de colegas não recebiam nada por diversos motivos: fazer greve, ficar doente e faltar, não cumprir as famigeradas metas na dependência, etc.
GREVE DE 2003: BANCÁRIOS DO BB CONQUISTAM PARÂMETROS DA CCT
A partir da unidade com a categoria, deixamos de sofrer sozinhos os ataques de qualquer governo de plantão.
Em 2003, conquistamos os tíquetes, vale-alimentação e auxílio-creche da categoria (que eram menores no BB). Passamos a ter reajuste sobre todas as verbas como os bancários em geral, ou seja, acabou o congelamento e a correção somente no VP (vencimento-padrão), que levava ao reajuste zero para todos os comissionados. E conquistamos a sonhada PLR nos moldes da Fenaban, que garantia o pagamento a todos os bancários sem discriminar quem faltasse, não cumprisse metas ou qualquer outro motivo.
A PLR NO BB E NOS BANCOS PRIVADOS
Alguns colegas não entenderam porque o presidente da Contraf-CUT diz em seu artigo que, em 2005, o valor de distribuição para os escriturários do BB chegou a 3,5 vezes o salário.
O que ocorre é que muitos colegas não têm clara a diferença que existe na forma de pagamento da PLR para o BB e para os bancos privados.
Vamos a ela:
Nos bancos privados, a primeira parcela é adiantada no fechamento da campanha salarial, ou seja, pegando o exemplo dos valores de 2005 de R$ 800 mais 80% do salário, em meados de outubro os bancários receberam cerca de R$ 400 fixos (metade do valor anual) mais 40% salário (R$ 400 para quem ganha R$ 1000) totalizando R$ 800 na primeira parcela (adiantada).
Quando chega em meados de fevereiro, os bancos apresentam seus resultados do exercício findo (no exemplo, 2005). Os bancos devem pagar para os bancários a segunda parcela. Nesse momento, após apurar o lucro altíssimo, a Contraf-CUT exige que os bancos utilizem a segunda regra da PLR que diz que eles devem gastar no mínimo 5% do lucro líquido. Então, eles têm que aumentar a distribuição até chegar a 2 salários ou no mínimo de 5% de distribuição, com os tetos em reais que existem.
No Banco do Brasil, exigimos, desde 2003, os parâmetros da Fenaban, ou seja, tem que pagar PLR para todos, sem exceção, sem atrelamento a metas, ou GDC ou faltas, e com regramento: valor fixo mais porcentagem do salário. E NÃO IMPORTA o limite estabelecido pela Dest, que proíbe distribuição acima de 6,25% do lucro líquido (a partir de 2003, o montante passou a cerca de 12%).
Em 2005, avançamos mais ainda, pois o BB foi o primeiro banco que cedeu ao novo formado proposto pela categoria que pede distribuição de uma porcentagem LINEAR DE 5% (no BB conseguimos 4%), além do valor fixo mais a porcentagem do salário.
Desta forma um escriturário E1 (primeiro nível) recebeu em 2005, respectivamente, R$ 1780,25 referente ao primeiro semestre e R$ 1887,07 no segundo, totalizando R$ 3667,32 no ano.
VAMOS À LUTA
A mensagem é bem clara a todos. Os bancários devem lutar para arrancar da Fenaban a reivindicação de uma PLR melhor, pois esses banqueiros deveriam ter vergonha na cara e fazer uma proposta que contemple aos bancários com aumento real e uma distribuição mais justa como estamos propondo. AO CONTRÁRIO de ficar levando juízes para passear e pedindo liminar contra nossos materiais de campanha que denunciam a irresponsabilidade social dos banqueiros.
* William Mendes é secretário de Imprensa da Contraf-CUT e integrante da Comissão de Empresa dos funcionários do BB pela Fetec CUT SP