Há dois meses o Sindicato dos Bancários do Ceará, por meio de sua Secretaria de Saúde, realiza uma pesquisa sobre “Saúde e Adoecimento dos Bancários do Ceará”. O objetivo é identificar o que leva a categoria ao adoecimento, se é a natureza do trabalho, a forma de gestão dos bancos, as relações de poder nas instituições, a natureza do mercado financeiro que prioriza o lucro e não o trabalhador, enfim, entender como o trabalho pode ter responsabilidade pelo adoecimento do próprio trabalhador.
A pesquisa vai continuar nas próximas semanas e ainda dá tempo dos bancários e bancárias responderem o questionário, que chega aos locais de trabalho num folheto impresso, ou online, acessando o site do sindicato www.bancariosce.org.br (basta clicar na imagem sobre a pesquisa).
Essa investigação faz parte da pesquisa de doutorado da Profa. Marselle Fernandes sob a orientação do Prof. Dr. Cassio Braz de Aquino, do Programa de Pós- Graduação em Psicologia da Universidade Federal do Estado do Ceará (UFC), do NUTRA – Núcleo de Psicologia do Trabalho, voltado para estudos relacionados ao trabalho, com perspectiva da saúde.
Para Cassio Braz, a discussão da saúde da categoria bancária é importante dada a transformação significativa nas duas últimas décadas. A ideia de bancário foi muito transformada, agora é um vendedor e não mais um bancário tradicional e, ainda, impactado com as novas tecnologias. Isso modifica não só a relação do trabalho em si, mas a expectativa do trabalhador diante da sua atividade. O bancário se sente permanentemente ameaçado.
“As transformações tecnológicas, ambientais e de gestão afetam a saúde do bancário, principalmente a saúde psíquica. As patologias como depressão, ansiedade, síndrome do pânico passaram a ser identificadas no meio dessa categoria. Por isso é importante a pesquisa, que permite revelar o nexo causal, um desafio no campo da psicologia, de como o trabalho do bancário está fazendo ele adoecer”, completou o professor.
A pesquisadora Marselle Fernandes, lembra que os índices do afastamento do trabalho junto ao INSS, de patologias ditas mais psíquicas, tem aumentado significativamente e precisam ser identificados os seus reais motivos. Explica que a coleta de dados da pesquisa está sendo finalizada e espera-se divulgar um relatório em novembro com informações e correlações sobre o perfil da saúde e adoecimento dos bancários. “Esperamos até o final do ano ter uma visão, pelo menos parcial, do que tem adoecido o bancário”, concluiu.