Cheques em branco e assinados por supostos funcionários laranjas e fantasmas da Assembleia Legislativa do Paraná foram encontrados dentro do cofre do posto avançado bancário do HSBC que fica dentro da sede do Legislativo estadual. A informação foi confirmada pelo diretor-executivo de relações institucionais do banco, Hélio Duarte.
Ele falou na segunda-feira (6) sobre as conclusões da sindicância aberta pelo HSBC depois da divulgação da série Diários Secretos, que revelou desvio de dinheiro público dos cofres da Assembleia do Paraná.
Duarte contou que o banco está encerrando 19 contas bancárias em que foram detectadas irregularidades. Entre as contas fechadas estão as das agricultoras Jermina e Vanilda Leal. As duas apareciam na lista de funcionários da Assembleia divulgada em 2009 pelo presidente da Casa, Nelson Justus (DEM), mas elas afirmaram que nunca deram expediente no Legislativo.
Vanilda contou que nem sequer sabia que tinha conta no HSBC. Foi por meio dessas contas bancárias que, segundo o Ministério Público, uma quadrilha chefiada pelo ex-diretor-geral da Casa Abib Miguel, o Bibinho, conseguiu desviar cerca de R$ 100 milhões da Assembleia. O HSBC, assim como o Itaú, é um dos bancos onde são depositados os salários dos servidores da Assembleia.
O encerramento das 19 contas é uma das três providências tomadas pela direção do HSBC após a conclusão da sindicância. As outras duas foram: a revisão de procedimentos e práticas de movimentação e saques nas agências para evitar novas irregularidades; e a demissão de quatro gerentes, três caixas e dois supervisores.
A principal irregularidade cometida por funcionários do HSBC da agência da Assembleia, conta Duarte, foi na movimentação de contas. “Alguns funcionários não tiveram o devido cuidado de conferir se a pessoa que estava sacando o dinheiro era o verdadeiro titular da conta”, revela o diretor do banco. Esses cheques, completa Duarte, eram assinados pelos verdadeiros titulares das contas, mas eram preenchidos por máquinas, o que causou estranheza no diretor.
Outro fato que surpreendeu Duarte foi a velocidade em que as movimentações bancárias eram feitas dentro do posto da As sembleia. Documento obtido com exclusividade pela Gazeta do Povo e pela RPC TV revela que no dia 26 de junho de 2006, o caixa do HSBC realizou 46 saques de R$ 5 mil cada, totalizando R$ 230 mil – ou seja, foram feitos três saques por minuto de contas de diferentes titulares.
“No mesmo dia foram realizados no mesmo caixa outros 28 saques de R$ 5 mil (totalizando R$ 140 mil) no intervalo de nove minutos”, diz um trecho do documento. “Isso não é normal. É muito saque num espaço curto de tempo”, opina Duarte, citando que o banco não informou ao Banco Central esses saques porque os valores eram inferiores a R$ 10 mil – teto fixado pelo BC.
Duarte frisou que o banco é uma vítima de um procedimento que começou fora da instituição. Ele esteve em Curitiba e participou de uma reunião com promotores que investigam o caso e reafirmou o compromisso de ajudar na investigação.