Começou na manhã desta terça-feira, dia 14, em São Paulo, o 2º Congresso da Confederação Nacional dos Trabalhadores do Ramo Financeiro, com a participação de 328 delegados de todo o Brasil além de 21 delegados estrangeiros, representando 12 países das Américas (Argentina, Paraguai, Chile, Estados Unidos, Costa Rica, Uruguai, Panamá e México) e Europa (Portugal, Itália, Espanha e Suíça).
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A mesa de abertura do evento contou com a presença de todas as centrais sindicais que possuem representação de bancários, reunindo Artur Henrique, presidente nacional da CUT, Dirceu Travesso, representante da Conlutas, Edson Carneiro, pela Intersindical, Eduardo Navarrro, representando a CTB e Rubens Romano, pela UGT. Coordenada pelo secretário-geral da Contraf/CUT, Carlos Cordeiro, a mesa foi completada por Vagner Freitas, presidente da Confederação, Rubens Cortina, presidente da UNI América, Rodolfo Benitez, secretário geral da entidade internacional, Ricardo Berzoini, deputado federal e presidente do PT, Luiz Cláudio Marcolino, presidente do Sindicato dos Bancários de São Paulo, e Juvandia Moreira, secretária-geral do mesmo sindicato.
Avançar juntos
O presidente da CUT Artur Henrique afirmou que a Contraf/CUT tem muito a ensinar ao movimento sindical pelo trabalho feito para estender sua representatividade. “Organização forte e enraizada, que tenha um trabalho de base junto ao local de trabalho. Este é um dos princípios de criação do movimento sindical, e os bancários têm muito a ensinar nisso”, finaliza.
Artur disse também que é preciso criar uma unidade de toda classe trabalhadora para enfrentar a crise, em busca do emprego, da renda e fortalecimento do mercado interno. “Este é o papel da conjuntura política e o embate que deve ser feito junto à mídia, que tem como maior anunciante os próprios bancos, causadores da crise financeira”.
Os representantes das demais centrais também destacaram o momento vivido pela categoria, por conta da crise econômica mundial, e a importância da abertura para a participação de entidades de todas as tendências no congresso da Contraf/CUT. “Foi uma mudança muito importante. A Confederação deve ser de todos os trabalhadores do ramo financeiro”, disse Edson Carneiro, da Intersindical.
“Temos que ter uma barreira: contra ataques do lado de lá, nós devemos estar unidos do lado de cá”, defendeu Dirceu Travesso, da Conlutas. Em sua fala, Rubens Romano, da UGT, também ressaltou a importância da unidade na luta dos bancários. Eduardo Navarro lembrou a ação conjunta realizada pelas centrais sindicais no último dia 30 de março como um exemplo de unidade. “Esse ato mostra que a unidade é possível com programas e objetivos claros”, disse Eduardo Navarro, da CTB.
Debates importantes
O presidente da UNI América Rubens Cortina destacou a importância da Contraf/CUT no cenário internacional. “A Contraf é uma luz, uma referência na organização dos trabalhadores bancários do continente. A maioria dos bancários da América Latina está de olho nos brasileiros, o que se é uma honra é também uma responsabilidade”, disse.
Cortina falou também sobre o debate internacional para a construção de saídas para a crise, ressaltando a importância da participação dos trablahdores. “Se o movimento sindical não se mobilizar para participar da discussão sobre a crise, a saída será pela direita”, advertiu. Lembrando que a ONU já fala em 50 milhões de pessoas perdendo seus empregos, destacou a iniciativa da UNI de levar à reunião do G20, em Londres, uma proposta de criação de um fundo internacional para a proteção do emprego. “O que ficou da reunião em Londres é que a luta continua. Queremos sair da crise com mais participação sindical, mais negociação coletiva, mais direitos”, disse.
O presidente do Sindicato dos Bancários de São Paulo Luiz Cláudio Marcolino lembrou que a categoria tem uma história de unidade, com a criação da campanha unificada e da Convenção Coletiva Nacional. “É preciso construir a unidade da categoria com todas as centrais. Precisamos ter claro que, na categoria bancária, temos apenas um inimigo, que são os patrões e governos que tentam prejudicar o trabalhador”, afirmou.
A secretária-geral de São Paulo, Juvândia Moreira, falou da importância de que o Congresso debata a situação das mulheres, que são 49% da categoria, mas ainda sofrem com salários menores e menor reconhecimento. “As mulheres estão em situação difícil e pior do que os homens. Precisamos considerar essa realidade no Congresso, discutindo políticas afirmativas para mudar essa situação no sistema financeiro nacional”, disse. “Essa questão também deve estar presente nas discussões da organização sindical. Precisamos construir políticas para que tenhamos mulheres em posições de liderança no movimento, presidindo sindicatos”, defendeu.
O deputado federal Ricardo Berzoini fez uma análise sobre o papel dos bancários na construção de saídas para a crise econômica no país. “É uma luta que começa nos anos 50, quando os bancários começam a debater o sistema financeiro nacional, e continua com a CNB e agora a Contraf/CUT, que têm propostas para o setor. O sistema financeiro não é dos banqueiros, mas um patrimônio da sociedade brasileira para a distribuição de crédito”, afirmou (leia mais sobre a análise feita por Berzoini aqui).
Amadurecimento
O discurso final sobre análise de conjuntura foi do presidente da Contraf/CUT, Vagner Freitas, que encerra seu ciclo à frente da entidade. Emocionado, Vagner lembrou de sua gestão exercida nos últimos seis anos e dos avanços e direcionamento do movimento sindical bancário neste período.
O presidente da Contraf/CUT ressaltou a importância da unidade dos trabalhadores em âmbito global, parabenizando os dirigentes sindicais estrangeiros presentes no 2º Congresso. Vagner ressaltou o amadurecimento do sindicalismo nacional com as experiências junto às entidades internacionais. “Viajávamos ao exterior para fazer debates, mas consentíamos a oportunidade apenas como uma viagem de turismo”, diz Vagner. “Aprendemos muito com a luta dos trabalhadores estrangeiros. Foi então que tomamos conta que a luta da classe trabalhadora é universal”, afirma.
Vagner sugere a unificação do Ramo Financeiro, com o de serviços e telecomunicações para impedir o barateamento da mão-de-obra e a falta de representatividade dos trabalhadores. “Os lotéricos, por exemplo, que atuam como bancários, não são representados pelo Ramo Financeiro e nem pelo de serviços”, sustenta. “Devemos caminhar para frente e continuar mostrando que a nossa Unidade acontece na prática e não no discurso. Continuaremos insistindo na luta da classe trabalhadora e do Ramo Financeiro”, finaliza.