Juros ao consumidor sobem pela terceira vez seguida e atinge 6,87% ao mês

Pelo terceiro mês seguido, as taxas médias de juros cobradas dos consumidores aumentaram em maio e atingiram o maior nível desde junho de 2010: 6,87% ao mês ou 121,96% ao ano, com alta mensal 0,88%, mostra pesquisa da Associação Nacional dos Executivos de Finanças. A maior elevação foi no cheque especial, que subiu 1,88%. Em abril a taxa do cheque especial estava em 7,97% ao mês e atingiu 8,12% em maio.

“A alta dos juros cobrados do consumidor e da taxa básica de juros (Selic) deve continuar até julho”, prevê o vice-presidente da Anefac, Miguel Ribeiro de Oliveira. Ele argumenta que, apesar da desaceleração da inflação medida pelo Índice de Preços ao Consumidor Amplo (IPCA) de maio, ela não está totalmente controlada.

Por isso, diz ele, o Comitê de Política Monetária (Copom) do Banco Central, deve elevar hoje a Selic em 0,25 ponto porcentual, na reunião que termina hoje. Com isso, os custos dos financiamentos para empresa e consumidor devem continuar pressionados nos próximos meses.

A pesquisa mostra que, das seis linhas de crédito ao consumidor pesquisadas em maio, os juros subiram em todas, exceto no cartão de crédito, que manteve os encargos em 10,69% ao mês ou 238,30% ao ano. Ribeiro de Oliveira explica que os encargos nessa linha foram mantidos porque a taxa é a mais alta em relação a outras linhas de financiamento.

Já no caso das empresas, houve elevação de juros nas três linhas de crédito pesquisadas, com destaque para a conta garantida, que é uma espécie de cheque especial para empresas. Nessa linha, a taxa mensal subiu 2,50% de abril (5,60%) para maio (5,74%). Na média das três linhas para pessoas jurídicas, os juros aumentaram 1,77% no último mês, de 3,96% para 4,03%,

Medidas. Ribeiro de Oliveira diz que a elevação dos juros não surpreendeu porque reflete as medidas tomadas nos últimos tempos para conter o consumo e segurar a inflação que agora estão aparecendo nas taxas de juros cobradas de consumidores e empresas. Ele cita como exemplos o aumento dos depósitos compulsórios dos bancos determinado em dezembro do ano passado e a elevação do requerimento de capital das financeiras e bancos nas operações de crédito a pessoas físicas com prazos superiores a 24 meses.

Além dessas medidas, o Banco Central aumentou em 1,25 ponto porcentual a taxa básica de juros desde janeiro e subiu o Imposto sobre Operações Financeiras (IOF) para captações externas e compras no cartão de crédito feitas no exterior.

Ao contrário do que se supunha, a apesar de todo esforço do governo para esfriar o consumo, bancos e financeiras continuam otimistas em relação ao crédito e não alteraram os prazos médios e máximos de financiamento ao consumidor.

Desde janeiro deste ano os prazos estão inalterados. No caso de veículos, o prazo máximo é de 60 meses e o médio está em 40 meses. Nas demais linhas de crédito a pessoas físicas, o prazo máximo é de 24 meses e o médio, de 12 meses.


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