Santander extingue marca Real e bancários cobram mais empregos

Desde a manhã desta quinta-feira, 4, a marca do Banco Real não existe mais. O Santander completou a integração de suas marcas no Brasil, extinguindo a identidade do banco comprado no final de 2007.

As agências do Real passam a ter a fachada vermelha característica do banco espanhol. As principais agências do Real já tinham sido adaptadas ao design do Santander, mantendo a antiga logo apenas em uma faixa que cobria a nova marca.

O presidente mundial do Santander, Emilio Botín, que se encontra no Brasil, fez o anúncio oficial da extinção da marca. A atenção se explica pelo peso do país nos lucros do banco: o Brasil é o principal mercado mundial para o Santander, respondendo por 25% do lucro global. Em seguida aparecem o Reino Unido, com 18%, e a Espanha, com 17%.

Da sede do banco em São Paulo, Botín interagiu, via satélite, com agências do Real em várias capitais brasileiras no momento da “conversão” da marca.

O banco escolheu a primeira semana de novembro para mexer com as marcas por coincidir com o Grande Prêmio Brasil de Fórmula 1, do qual é patrocinador. Além da Fórmula 1, o Santander patrocina também a Ferrari e terá grande exposição nesse período.

A estratégia do Santander, que iniciou a última onda de fusões bancárias no país, difere da dos rivais Itaú/Unibanco e Banco do Brasil/Nossa Caixa. Os brasileiros preferiram fazer aos poucos a conversão das marcas e da rede de agências.

A unificação das operações entre os dois bancos também já está quase encerrada. Cerca de 95% dos serviços disponibilizados pelo banco já podem ser realizados nas redes do antigo Real e Santander como, por exemplo, depósitos.

Apenas algumas transações continuarão ainda restritas às agências de origem do cliente, como crédito rural e leasing. Segundo o presidente do Santander Brasil, Fabio Barbosa, em fevereiro as operações estarão todas ligadas. “Foi uma opção por uma mudança gradual, para os mínimos transtornos aos clientes. Em fevereiro começarão as mudanças dos números de contas”, disse

Terceiro maior banco privado, o Santander tem 24 milhões de clientes no Brasil e 36 milhões de cartões de crédito e débito emitidos.

Bancários cobram mais empregos

A fusão entre Santander e Real trouxe conseqüências para os trabalhadores das duas empresas. Após o fechamento de milhares de postos de trabalho, o balanço dos primeiros nove meses de 2010 revela uma pequena retomada do emprego. O número de funcionários subiu para 52.702, representando geração de 1.752 vagas e crescimento de 3,4% em relação ao mesmo período do ano passado.

Já o número de clientes subiu para 24,092 milhões, significando uma elevação de 9,9% em comparação aos 21,926 milhões ante os primeiros nove meses de 2009. O número de contas correntes ativas cresceu 5,1%, passando para 10,571 milhões.

“Esses números revelam que a abertura de vagas não acompanhou a ampliação da clientela do banco, mostrando que os trabalhadores precisam atender cada vez mais clientes, o que significa mais sobrecarga de trabalho e mais riscos de estresse e adoecimento”, enfatiza Ademir Wiederkehr, funcionário do Santander e secretário de imprensa da Contraf-CUT.

“O trabalho dos bancários brasileiros é responsável por um quarto do lucro mundial do Santander, mas o emprego não tem aumentado na mesma proporção. Para piorar, aumentaram as reclamações de trabalhadores por causa da cobrança das metas após a fusão”, afirma Arilson Silva, presidente do Sindicato dos Bancários de Mato Grosso e funcionário oriundo do Real.

“Com isso, aumenta a pressão e pioram as condições de trabalho, levando ao adoecimento dos bancários. O banco precisa contratar mais bancários, melhorando as condições de trabalho e oferecendo um melhor atendimento aos clientes. A valorização passa também por aumento da remuneração, dividindo melhor o bolo com os trabalhadores”, completa.

O Santander abriu 37 novas agências na comparação com setembro do ano passado, número bem abaixo das expectativas dos bancários, diante da reiterada promessa do banco de inaugurar 600 unidades até 2013.

Um pouco da história do Real

Criado em 1925, como uma cooperativa bancária nomeada Banco de Minas, adquiriu oito instituições financeiras no país entre 1934 e 1971. Em 1973, dois anos após transferir sua sede para São Paulo, a organização passou a adotar o nome Banco Real S.A.

Em 1998, o ABN AMRO Bank adquiriu as operações do Banco Real S.A, além das aquisições dos bancos Bandepe (1998), Paraiban (2001) e Sudameris (2003). Em 2007 o consórcio formado pelos bancos Santander, RBS e Fortis adquiriu o ABN AMRO, controlador do Banco Real.

Em 2008, o Grupo Santander passou a exercer efetivamente o controle societário indireto das empresas do conglomerado ABN AMRO Real no Brasil, após o cumprimento de todas as condições para a transferência do controle, especialmente a obtenção da aprovação do Banco Central da Holanda (De Nederlandsche) e do Banco Central do Brasil.

A extinção do Real foi decidida em assembleia de acionistas ocorrida no dia 30 de abril de 2008, permanecendo ainda a marca na rede de agências até a manhã desta quinta-feira.

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