(São Paulo) "Se eles não têm pão, que comam brioches". Talvez a frase de Maria Antonieta (que acabou na guilhotina na Revolução Francesa) seja um bom exemplo para ilustrar como se sentem os bancários do Santander Banespa. Ao comemorar 150 anos, o grupo informou a todos que irá destinar 100 ações para cada um dos cerca de 120 mil funcionários. A “doação”, que depende da aprovação da junta geral de acionistas, poderá ocorrer em junho. Nada mal, se os bancários não fossem explorados, conforme denúncias que o Sindicato de SP recebe diariamente.
"A doação é um movimento importante do banco para a valorização do funcionário. Mas tenho certeza que muitos também gostariam de incluir neste pacote de aniversário o fim das demissões, do assédio moral e das metas abusivas; a melhoria da PLR e dos salários; e o combate ao adoecimento nos locais de trabalho”, diz a diretora do Sindicato Rita Berlofa.
Ela tem razão. Um bancário que não quer se identificar denunciou a cobrança de metas, logo cedo, às 9h. “Somos informados o que deveremos vender durante o dia. No final do expediente, quando não cumprimos a meta, somos sabatinados e informados que não estamos cumprindo o que prometemos”, lembra o bancário, que completa: “Estamos com muitos casos de funcionários que choram diariamente, que tomam remédios para trabalhar e que ‘compram produtos do banco’ para cumprirem suas metas, com medo de demissões.”
Segundo o presidente do banco, Gabriel Jaramillo, em carta aos funcionários, “cada um de nós terá o ‘espírito do dono’, terá a ‘dor do dono’, que move todos nossos acionistas e todos nossos administradores”.
"É claro que a ‘dor do dono’ todos os funcionários já carregam. Todos os dias e em quantidades que se tornam cada vez mais insuportáveis. As ações são bem-vindas, mas falta muito mais para serem reconhecidos”, lembra Rita.
Fonte: Ricardo Negrão – Seeb SP
