Papais-noéis do Itaú carregavam “saco de maldades” para os bancários
Os protestos contra a onda crescente de demissões e a alta rotatividade de trabalhadores que vem ocorrendo no Itaú Unibanco chegaram à Avenida Paulista e no Centro Administrativo Tatuapé (CAT), em São Paulo.
A mobilização ocorrida, nesta quarta-feira, dia 21, fez parte da agenda do Dia Nacional de Lutas do Itaú Unibanco, que reforçou a pressão dos trabalhadores contra o descaso da direção do banco que mais lucra no País.
Paulista
No mais conhecido corredor financeiro de São Paulo, trabalhadores reuniram-se na altura do número 2.000, em frente ao Center 3, para denunciar à sociedade os milhares de desligamentos que vêm ocorrendo no Itaú Unibanco. O ato cobrou da instituição financeira que mais lucra no hemisfério sul respeito ao emprego, às condições de trabalho e o fim das demissões.
Na parte da manhã, faixas foram estendidas nos cruzamentos da Avenida Paulista; foram distribuídos também o jornal Itaunido e o cartão natalino preparado especialmente para ser enviado aos banqueiros com uma mensagem-protesto pelas demissões.
“As dispensas estão acontecendo sem que os funcionários tenham chance de se realocar ou se inscrever no Programa de Oportunidade e Carreira (POC)”, denunciou o diretor do Sindicato Julio César, que também é funcionário do banco.
“Juros -Além”
Houve apresentação de um coral e uma apresentação lúdica foi encenada, atraindo a atenção dos turistas que visitam aos milhares a região em busca das atrações natalinas. “É a saga dos três reis magros de Juros-Além”, resumiu um criativo cliente do banco.
Na peça “Presepada do Itaú” o Natal era recontado sob o ponto de vista do Itaú Unibanco. De forma bem humorada, os reis ‘Bem-Pior’, ‘Bota-Azar’ e ‘Gas-Para-Chorar’ desejavam desemprego, metas abusivas e muita pressão sobre os trabalhadores. Tudo isso diante de um ator que segurava a placa: “Serei o próximo demitido?”.
Segundo Julio César, não há justificativa para as dispensas. “O banco tem o maior lucro de todo o sistema financeiro. Apenas nos nove primeiros meses lucrou R$ 10, 9 bilhões graças ao esforço dos trabalhadores que merecem ter seus empregos e direitos respeitados.”
Com esse desempenho vergonhoso, em plena reta final para a escolha do São Pilantra desse ano, o Itaú Unibanco caminha a passos largos para conquistar o título.
CAT
O ato no CAT foi realizado na manhã desta quarta e denunciou as demissões feitas pelo banco na segunda 19 e terça 20, no departamento de câmbio. Sete pessoas foram desligadas em plena semana de Natal e outras demissões estavam previstas.
“Trata-se de uma grande irresponsabilidade. O banco havia sinalizado que não demitiria, porém preferiu desrespeitar seus trabalhadores. Isso é inadmissível”, afirmou Ana Tércia, funcionária do Itaú e diretora executiva do Sindicato.
Por volta das 7h da manhã até cerca de 10h30, trabalhadores reuniram-se diante da entrada da concentração. Dirigentes sindicais usaram um caminhão de som para criticar a política imposta pela direção do banco.
Além disso, foram distribuídos o jornal Itaunido, informes e cartões de Natal para serem preenchidos pelos trabalhadores. Todos os cartões serão encaminhados para os banqueiros Setubal e Moreira Salles. “Comemorar o que se vários dos meus amigos e colegas estão no ‘olho da rua’?” relatava o verso de um dos cartões.
“Através da ação do Sindicato foram estancadas outras demissões previstas para hoje. Continuaremos lutando para resguardar o direito dos trabalhadores”, anunciou Sérgio Lopes, o Serginho do CAT como é conhecido.
Um gerente de área que não será identificado confidenciou: “Graças a Deus essa mobilização impediu que muitos colegas fossem demitidos. Infelizmente, em plena época de Natal, essas demissões estão ocorrendo”. Outra bancária também elogiou a ação. “Ainda bem que temos um Sindicato atuante.”
De acordo com Serginho, outros protestos ocorrerão caso o banco insista em desligar trabalhadores. “Há um claro desmando, uma confusão entre o Recursos Humanos, que sinaliza com o fim das demissões, e a superintendência de Câmbio que unilateralmente demite numa época em que as pessoas se preparam para festejar com suas famílias e amigos por mais um ano”, lamentou o dirigente. Cerca de 6 mil pessoas trabalham no complexo do Tatuapé.