Agência Brasil
Luana Lourenço
Enviada Especial
Belém (PA) – Depois de seis dias de programação, o Fórum Social Mundial (FSM) chegou ao fim ontem (1°) com “novas inspirações” para buscar um outro mundo possível. A avaliação é do sociólogo e membro do Conselho Internacional do Fórum Social Mundial Cândido Grzybovski, que participou de entrevista coletiva ao lado de movimentos sociais para apresentar um balanço da reunião internacional.
“Terminamos a semana com um cansaço cívico e cidadão, com novas inspirações, renovados na busca de um outro mundo”, afirmou.
Para Grzybovski, a realização do evento em Belém tornou esta edição um marco para o FSM pelas relação “entre a Amazônia e a utopia” e pela crise que “enterrou” o Fórum Econômico Mundial, que ocorreu simultaneamente em Davos, na Suíça. “Ocupamos um enorme vazio na agenda mundial”.
O número de participantes superou as previsões da organização, que eram de 120 mil pessoas, e chegou a 133 mil. Entre eles 1,4 mil quilombolas e 1,9 mil indígenas, a maior participação desses segmentos em todas as edições do FSM, segundo Grzybovski.
Representante das lideranças indígenas, o peruano Mario Palacios disse que o FSM foi importante para dar protagonismo aos povos da floresta e comunidades tradicionais. “Há uma alternativa a essa crise civilizatória, climática, energética. Concluímos que outro mundo é possível e está nos povos indígenas. Somos atores políticos vivos, não somos a parte folclórica da democracia”.
Palacios também anunciou a realização do 5º Fórum Social Mundial Pan-Amazônico, aprovada em assembléia durante a manhã.
A participação de comunidades indígenas também foi lembrada pela representante do movimento negro, Nilma Bentes. “O Fórum abriu possibilidade para que o movimento negro estreitasse relação com o movimento indígena”. Pela primeira vez, segundo Nilma, as questões raciais foram pautadas em um FSM como reivindicavam os movimentos sociais.
O ativista palestino Jamal Juma, coordenador do movimento Stop the Wall, agradeceu a recepção do Fórum à causa palestina e disse que a reunião foi uma oportunidade de apresentar ao mundo o que chamou de apartheid israelense. “Nesta hora em que testemunhamos o massacre do povo de Gaza, o Fórum é uma plataforma para mostrar a luta do povo palestino. Queremos pedir apoio do Comitê Internacional para forçar Israel a cumprir leis internacionais”.
Em 2010, o Fórum Social Mundial vai ocorrer de forma descentralizada, sem uma cidade sede. Para 2011, a África e o Oriente Médio são os prováveis candidatos, mas os Estados Unidos também podem estar na lista, segundo Grzybovski.
Uma agenda mundial de mobilizações também foi anunciada hoje pela representante do Fórum Social Europeu, a italiana Rafaela Bolini, e inclui protestos durante a reunião do G-8, em maio, na Itália, durante a Conferência da Organização das Nações Unidas sobre Mudanças Climáticas, em dezembro, na Dinamarca, e até no aniversário de 60 anos da Organização do Tratado do Atlântico Norte (Otan), em abril.