(Porto Alegre) A pressão dos bancários contra a terceirização da tesouraria do Banrisul vai ganhar as ruas. Na próxima terça-feira, dia 15, às 12h, o Sindicato dos Bancários de Porto Alegre e a Federação dos Bancários do RS realizam ato público, em frente ao edifício-sede do banco, no centro da Capital. O objetivo é protestar contra a privatização silenciosa e a política de desmonte do banco público, sob o comando do presidente Fernando Lemos e da governadora Yeda Crusius.
Apesar de recente, o governo já adquiriu o hábito de colocar em risco o patrimônio público do Estado sem consultar os gaúchos. Primeiro articulou a abertura de capital do Banrisul, efetivada em 2007, quando vendeu 43% das ações para investidores estrangeiros. Agora o banco anunciou, a toque de caixa, em pleno tempo de férias, a terceirização dos serviços de tesouraria. O edital foi publicado sem qualquer alarde na segunda-feira, dia 7, e prevê o pregão presencial já para o próximo dia 18.
Na avaliação das entidades sindicais, a tesouraria é um serviço bancário e, por isso, não pode ser terceirizado. Qualquer tentativa é considerada ilegal. As únicas contratações legais permitidas são para serviços de vigilância, conservação e limpeza, conforme estabelece a súmula 331 do TST.
Denúncia na Assembléia Legislativa
O novo ataque já foi denunciado na Assembléia Legislativa. O documento das entidades sindicais foi entregue na terça-feira, dia 8, para a presidente da Comissão de Serviços Públicos, deputada Stela Farias (PT), e ao coordenador da Frente Parlamentar em Defesa do Patrimônio e do Serviço Público, deputado Raul Pont (PT). Na ocasião, os dirigentes sindicais pediram apoio do Legislativo para evitar a concretização da nova tentativa de terceirização, já feita no governo Rigotto, mas cancelada após fortes protestos dos bancários.
Stela enviou um ofício ao presidente do banco, propondo uma reunião para solicitar explicações sobre a terceirização. Até agora, a deputada ainda não obteve retorno da direção do banco.
Bancários questionam
O diretor do Sindicato dos Bancários de Porto Alegre, José Carlos Ledur, critica a iniciativa do banco. “A quem interessa a terceirização de serviços bancários essencias? Certamente não será aos clientes, que ficarão mais inseguros no trato das questões adminstrativas que envolvem numerário, na medida em que não haverá funcionários para essas atividades. A quem os correntistas irão reclamar?”, questiona.
As conseqüências da terceirização poderão aumentar as reclamações de clientes junto ao Procon e ao Banco Central, prejudicando a imagem do banco e a qualidade dos serviços. “Quem de fato está ganhando com essa terceirização nebulosa?”, pergunta o dirigente sindical.
Para a diretora da FEEB-RS, Denise Corrêa, esta terceirização é mais uma prova de que a direção do Banrisul está focando a instituição, que é pública, apenas para os interesses de mercado. “Sempre lutamos pela manutenção do Banrisul como um patrimônio dos gaúchos, a serviço da economia do Estado. Agora estamos diante de um impasse, onde a diretoria provoca uma situação que pode precarizar os serviços”.
O diretor da FEEB-RS, Carlos Rocha, estranha o procedimento do banco, pois a Tesouraria Geral é uma atividade essencialmente bancária e deve ser exercida por bancários. “No momento em que um grande número de funcionários do Banrisul está em fase de aposentadoria – o que diminui o custo da folha de pagamento – o banco tem a possibilidade de contratar novos funcionários, mas prefere terceirizar os serviços. Esta é uma atitude no mínimo duvidosa pela forma como está sendo encaminhada”, destaca.