O que os agentes da Delegacia de Roubos, de Porto Alegre, mais temiam na investigação sobre o assalto ao carro-forte da empresa Brinks, na terça-feira, dia 10, em Caxias do Sul, confirmou-se na manhã de ontem.
Os policiais descobriram que os ladrões tinham a chave da porta do blindado, o que não se sabia até a noite de quarta-feira. A informação foi reforçada por novos depoimentos do vigilante mantido refém pela quadrilha. O segurança também reafirmou a versão em uma entrevista à Agência RBS na tarde de ontem.
– A existência da chave nos leva a duas hipóteses. A primeira, de que os assaltantes conseguiram obtê-la dentro da empresa de segurança. E a segunda, mais preocupante, de que conseguiram, de alguma maneira, colocar as mãos em cópias de chaves de outros blindados – comentou o delegado Juliano Ferreira, da Roubos.
Ontem, além da confirmação da existência de chaves em poder da quadrilha, a reportagem descobriu, junto a fontes ligadas à empresa Brinks, que o carro-forte levado pelos assaltantes não era o escalado para fazer a coleta de valores.
O blindado que circularia na terça-feira não deixou a sede da Brinks por estar com um buraco no teto. Como chovia naquela dia, um veículo mais antigo foi usado, supostamente, a contragosto da equipe de vigilantes que faria o itinerário até a Universidade de Caxias do Sul (UCS) depois de arrecadar quase R$ 2 milhões divididos em 15 malotes. A polícia não confirma nem desmente a informação.
Polícia investiga ligação com ataque à rodoviária de Caxias
Outro detalhe que pauta a investigação é um assalto à rodoviária de Caxias. No final da manhã do dia 13 de outubro, dois homens usando roupas similares às dos vigilantes da Brinks se identificaram no guichê de informações como funcionários da empresa. Eles avisaram que tinham ido buscar o dinheiro da estação. Uma supervisora acompanhou os homens ao escritório, de onde pegaram o malote e anunciaram o assalto.
– Não há qualquer confirmação de que sejam as mesmas pessoas. Ainda estamos verificando isso – disse o delegado regional Paulo Roberto Rosa da Silva.
Segundo o delegado regional, não há qualquer indício de que sete assaltantes que aparecem em fotos coladas em uma prancheta dos vigilantes da Brinks participaram do crime, inclusive Carlos Ivan Fischer, 42 anos, o Teco, ex-braço direito de José Carlos dos Santos, o Seco, e apontado pela cúpula da Polícia Civil gaúcha como um dos mentores da ação – além dele, também está entre os suspeitos Oséas Cardoso, 59 anos, o Português, criminoso paulista que já pertenceu a direção do Primeiro Comando da Capital (PCC).
– São apenas fotos de pessoas com antecedentes policiais por esse tipo de crime – disse Silva.
Na prancheta aparece a foto de Alex Sandro Cezar Bernardes. No sistema da polícia, ele consta como foragido, mas Bernardes morreu em setembro.