Anuaks jogam futebol no campo de refugiados de Gorom
Agência Pública
Giulia Afiune
Na última década, pelo menos 3,4 milhões de pessoas foram negativamente impactadas por projetos de desenvolvimento do Banco Mundial. Populações locais foram removidas de suas casas, expulsas de suas terras ou prejudicadas economicamente para dar lugar a barragens, usinas de energia e outros projetos de infraestrutura financiados pela instituição.
Criado para reduzir a pobreza e promover o desenvolvimento, o Banco Mundial falhou em aplicar as regras que ele mesmo criou para proteger as comunidades afetadas por seus projetos – o que trouxe consequências devastadoras para algumas das populações mais pobres e vulneráveis do planeta.
Estas são algumas das principais descobertas de um intenso trabalho de investigação feito por um grupo de veículos internacionais e coordenado pelo Consórcio Internacional de Jornalistas Investigativos (International Consortium of Investigative Journalists, o ICIJ) e pelo Huffington Post. A agência Pública participou do projeto, que incluiu veículos como El País, National Public Radio (NPR) e The Guardian, entre outros parceiros.
Um time de mais de 50 jornalistas de 21 países passou cerca de um ano documentando o fracasso do banco em tentar proteger as pessoas marginalizadas em nome do progresso. Os repórteres analisaram milhares de documentos do Banco Mundial, entrevistaram centenas de pessoas e foram a campo para investigar violações na Albânia, Brasil, Etiópia, Honduras, Gana, Guatemala, Índia, Quênia, Kosovo, Nigéria, Peru, Sérvia, Sudão do Sul e Uganda.
No Brasil, nossos repórteres descobriram que açudes construídos para enfrentar a seca no Ceará deixaram as populações removidas sem fonte de água potável.