2009 foi ano de luta pelo emprego e direitos nos processos de fusões

Definitivamente 2009 foi o ano em que os bancários mais lutaram contra as demissões e a retirada de direitos – consequências diretas das fusões e aquisições que agitam o sistema financeiro nacional. Afinal, seis dos maiores bancos que atuam no Brasil estão envolvidos neste tipo de negócio, que historicamente nunca foi bom para os bancários.

“Com esta nova onda de fusões, o Sindicato está focado na luta pela manutenção dos empregos e temos conseguido avanços importantes em negociações permanentes que mantemos com cada banco”, explica o presidente do Sindicato dos Bancários de São Paulo, Luiz Cláudio Marcolino.

Segundo ele, o Sindicato tem encontrado um grande respaldo dos bancários nesta luta, com mobilizações que retomaram o movimento de massa da categoria. “É justamente por conta das fusões e aquisições que os bancários realizaram uma das maiores greves da nossa história durante a Campanha Nacional deste ano”, diz Marcolino.

Ele lembra que uma das principais armas para evitar as demissões no sistema financeiro nacional é a Convenção 158 da Organização Internacional do Trabalho (OIT), que proíbe dispensas imotivadas em empresas lucrativas. Ela está pronta para entrar na pauta da Câmara dos Deputados desde o final de 2008.

Santander e Real

Os funcionários do grupo Santander deram uma lição de mobilização e luta em 2009. Logo no dia 15 de janeiro, o banco anunciou a demissão de 400 funcionários e acirrou os ânimos dos bancários. “Além das demissões tivemos de lutar contra uma série de problemas que o Santander criou para o funcionalismo, como as mudanças que o banco tentou fazer no estatuto do Banesprev para ter total poder sobre o fundo de pensão e alteração no Holandaprevi, que trouxe prejuízo para os participantes. Também enfrentamos as práticas antissindiais da direção, que desrespeitou acordos e usou de muita truculência durante a greve”, conta Marcolino.

Ele destaca que, apesar dos problemas enfrentados, os bancários do Santander obtiveram uma série de conquistas este ano. “Em março fechamos um acordo aditivo com direitos que vão além da Convenção Coletiva Nacional, que também foi estendido aos bancários do Real.

Para combater as demissões, conseguimos arrancar do banco a criação de um centro de realocação, abono indenizatório e programa de licença remunerada pré-aposentadoria, o pijama. Foram conquistas importantes para manter os empregos. Agora, estamos prestes a renovar este acordo aditivo, incorporando mais direitos”, diz.

Itaú e Unibanco

Um ano depois do anúncio da fusão entre o Itaú e Unibanco, os bancários contabilizam diversos ganhos no final de 2009, fruto da luta dos funcionários para garantir empregos e direitos. Em negociação permanente com a direção da empresa, o Sindicato tem conseguido até mesmo ampliar as conquistas dos bancários, estendo o que os empregados do Itaú têm de melhor para os colegas do Unibanco e vice-e-versa.

“Graças à pressão dos bancários, conseguimos diversos avanços, como a nova assistência médica e odontológica, a isonomia nos pisos salariais que melhorou os ganhos no Unibanco, a valorização do PCR (Programa Complementar de Remuneração) e um novo PAC (Plano de Aposentadoria Complementar)”, conta Marcolino, que é funcionário do Itaú.

Ele destaca que, apesar dos avanços, os bancários do Itaú Unibanco ainda sofrem com vários problemas. “O Sindicato continua em negociação permanente com a direção da empresa para resolver todas as demandas”, explica.

Banco do Brasil e Nossa Caixa

Foi um ano difícil para os bancários da Nossa Caixa. A falta de informações sobre o futuro dos empregados e a dificuldade para negociar as demandas com o Banco do Brasil encheram de angústia o funcionalismo. Essa aflição, no entanto, transformou-se em disposição de luta e, graças à mobilização, o Sindicato conseguiu uma série de avanços nas negociações.

“O ponto alto desta batalha ocorreu durante a Campanha Nacional, quando os empregados realizaram uma das maiores e mais fortes greves na Nossa Caixa. Com isso, conquistamos um abono de R$ 4 mil, pagos no lugar da participação nos lucros e resultados, que o banco negava”, comenta Marcolino.

Ele lembra que foram muitas idas e vindas nas negociações específicas, que chegaram a ser interrompidas após a Campanha Nacional, quando a direção anunciou um plano de demissão voluntária na Nossa Caixa e se negava a dialogar com os sindicatos.

“Aí os funcionários mostraram novamente sua força, inclusive com uma greve no Centro de Processamento de Dados. Graças à pressão, conseguimos retomar as negociações e no final do ano obtivemos diversos avanços, como o aumento no número de vagas para a administração e a indenização da gratificação variável”, finaliza Marcolino.

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