Na véspera da cúpula que tentará fechar o segundo programa de ajuda para a Grécia em pouco mais de um ano, a Comissão Europeia circulou um menu de propostas que inclui a aplicação de uma taxa sobre todos os bancos da zona do euro.
Uma das vantagens da taxação de bancos é que tecnicamente evitaria ser classificada como calote – diferentemente da imposição de perdas no valor de títulos gregos em poder da banca privada.
A arrecadação com a taxa, estimada em 50 bilhões de euros (R$ 111 bilhões) em cinco anos, seria usada para reduzir a dívida da Grécia, de cerca de ? 350 bilhões, segundo o jornal “Financial Times”.
A proposta incluirá ainda 71 bilhões de euros em novos empréstimos da União Europeia e do Fundo Monetário Internacional, pelo Fundo Europeu de Estabilidade Financeira (EFSF, na sigla em inglês).
Além disso, credores privados que têm títulos da dívida com vencimento dentro dos próximos oito anos seriam “encorajados” a trocá-los por novos papéis de 30 anos. A troca, estima-se, reduziria o valor da dívida grega em mais 90 bilhões de euros.
Segundo executivos envolvidos nas conversas, o plano final deve conter ou a taxa sobre os bancos ou a troca de títulos, mas não ambos. A decisão sobre qual das duas vai para o lixo está nas mãos da França e da Alemanha.
O presidente da Comissão, José Manuel Durão Barroso, alertou ontem para o risco de contágio caso não se chegue a um acordo. “Ninguém deve se iludir: a situação é muito grave e exige uma resposta. Do contrário, as consequências negativas serão sentidas em todos os cantos da Europa e mais além”, disse.
Ontem, o presidente Nicolas Sarkozy viajou para Berlim para se encontrar com a chanceler (premiê) Angela Merkel numa tentativa de fechar um pré-acordo antes da cúpula de hoje, em Bruxelas.
Ontem à noite, o jornal “Financial Times” divulgou que o pré-acordo fora obtido, mas não havia detalhes até a conclusão desta edição. A principal divergência entre os dois países – cujos bancos detêm a maior quantidade de títulos da dívida grega – está no papel que os credores privados devem ter no novo programa.
Merkel, por exigência do Parlamento alemão e por preocupações de política interna, considera uma “demanda decisiva” que esses credores assumam parte significativa da carga e do risco. Mas Merkel pede outras formas de participação privada. E representantes de instituições na França e na Alemanha também expressaram suas objeções.
Elas afirmam que cada país teria de aprovar em seus respectivos Legislativos nova lei contemplando a taxa, o que levaria tempo.