Está aumentando assustadoramente o número de assassinatos em assaltos e “saidinhas” de banco no Brasil. Foram 49 mortes em 2011, outras 57 em 2012 e 65 no ano passado, segundo o levantamento da Contraf-CUT e da CNTV-CUT (Conferência Nacional dos Trabalhadores Vigilantes).
Quantas mortes haverá este ano?
É trágico raciocinar sobre isso, mas infelizmente é o que vai acontecer, se os bancos mantiverem a política irresponsável de lavar as mãos para esse grave problema, dando mais importância ao lucro e à propriedade do que à vida dos funcionários e clientes.
Os três maiores bancos privados do país que publicaram balanço até agora tiveram lucro líquido recorde de R$ 34 bilhões no ano passado. Além de terem fechado 10 mil postos de trabalho, enquanto a economia brasileira gerava 1,1 milhão de novos empregos com carteira assinada, para aumentar os lucros os bancos deixam de investir em equipamentos de segurança.
O caso do Itaú é o mais emblemático. Teve em 2013 o maior lucro líquido (R$ 15,8 bilhões) da história do sistema financeiro nacional. Equivalente a US$ 6,57 bilhões, esse resultado é maior que o Produto Interno Bruto (PIB) de 40 países, segundo a lista elaborada pelo Fundo Monetário Internacional (FMI) sobre o desempenho das economias de todo o planeta.
Apesar desse lucro gigantesco, o Itaú está demitindo (fechou 2.734 postos de trabalho em 2013) e implantando, sem qualquer discussão com o movimento sindical, um novo modelo de agências “de negócios”, onde trabalham bancários, funcionam caixas eletrônicos, mas não existem vigilantes nem portas de segurança e outros equipamentos de prevenção contra assaltos.
Uma dessas agências, dentro de um shopping em Londrina, foi assaltada no dia 29 de janeiro, trazendo medo e insegurança para funcionários e clientes. Os assaltantes atacaram e roubaram até pertences pessoais dos trabalhadores.
Para a Contraf-CUT, esse modelo vulnerável de agências descumpre a lei federal nº 7.102/83, na medida em que há movimentação de numerário diante da existência de caixas eletrônicos, onde ocorrem operações de abastecimento e saques em dinheiro.
A instalação da porta de segurança e a presença de vigilantes são hoje indispensáveis para trazer segurança aos bancários e clientes.
Diante do descaso dos bancos, a Contraf-CUT e a CNTV entregaram no dia 30 de janeiro à secretária nacional de Segurança Pública (Senasp) do Ministério da Justiça, Regina Miki, a pesquisa nacional sobre as mortes envolvendo bancos e o estudo do Dieese sobre a falta de segurança nas agências, com o objetivo de sensibilizar o governo federal para a gravidade do problema.
E nesta quinta-feira 6 de fevereiro a Contraf-CUT enviou ofícios ao Ministério da Justiça e à Polícia Federal para denunciar a falta de segurança nas novas “agências de negócios” do Itaú e solicitar que tomem medidas para que o banco proteja a vida das pessoas.
É inadmissível que um banco com sucessivos recordes de lucro, como o Itaú, coloque em risco a vida de seus trabalhadores e clientes.
Se novas tragédias ocorrerem, será da exclusiva responsabilidade do Itaú.
Carlos Cordeiro,
Presidente da Contraf-CUT