Onze agências do Santander amanheceram de portas fechadas nesta quinta-feira (23), em Belém, em repúdio às práticas antissindicais do banco, que entrou com várias ações judiciais contra as entidades sindicais, buscando indenizações por danos morais de mais de R$ 1,5 milhão, em razão das manifestações dos trabalhadores e trabalhadoras contra as demissões e a falta de funcionários nas agências.
“Infelizmente essa é a forma como o Santander reage à luta legítima dos trabalhadores, tentando intimidar e calar a voz das entidades sindicais e seus funcionários através de ações na justiça. Além de ferir o direito à liberdade de expressão, a instituição financeira não respeita a liberdade sindical. Mas este banco espanhol esquece que temos disposição e coragem para lutar diariamente por melhores salários e condições de trabalho em cada região do país. Além do bancário, o cliente também sofre com as demissão, uma vez que o serviço fica cada vez mais precarizado”, afirma a presidenta do Sindicato dos Bancários do Pará, Rosalina Amorim.
Apesar do lucro líquido gerencial de R$ 1,519 bilhão, o banco eliminou 508 empregos nos primeiros três meses do ano, andando na contramão da geração de empregos da economia brasileira, que no mês passado criou 196.913 empregos com carteira assinada, um aumento de 0,49% em relação ao mês anterior, segundo dados do Cadastro Geral de Empregados e Desempregados (Caged), do Ministério do Trabalho e Emprego.
“As demissões são reflexo da famigerada política de rotatividade que o Santander impõe aqui no Brasil, dispensando funcionários que ganham mais e contratando outros que recebem menos, como forma de reduzir custos para aumentar ainda mais os lucros. Hoje 26% do lucro mundial do Santander estão aqui no país”, ressalta o diretor do Sindicato e funcionário do banco, Márcio Saldanha.
Na Espanha, apesar da grave crise financeira, a situação é bem diferente para os bancários do Santander. Durante a 7ª Reunião Conjunta das Redes Sindicais dos Bancos Internacionais, ocorrida em Assunção, o secretário de relações internacionais da Comfia-Comisiones Obreras, Francisco Garcia Utrilla (Pepe), disse que lá quase não há demissões no banco e que um acordo assinado com os sindicatos espanhóis garante que não haverá medidas traumáticas nas relações de trabalho.
Essa não é a primeira vez que o banco tenta calar os trabalhadores. Em 2011, o Santander entrou na justiça em função do protesto de bancários no jogo final da Copa Libertadores, que tinha o Santander como patrocinador do evento.
As entidades foram condenadas ao pagamento de R$ 1,5 milhão e recorrem dessa decisão, aguardando julgamento.
Na época, os trabalhadores denunciaram as demissões de bancários brasileiros, os elevados bônus pagos aos executivos e o desrespeito com os aposentados do antigo Banco do Estado de São Paulo (Banespa), adquirido pelo Santander.