Representantes do Sindicato dos Bancários de Catanduva e Região estiveram na agência do Bradesco de Novo Horizonte, na primeira quinzena deste mês, e confirmaram que o público está sendo “forçado” a buscar outros canais de atendimento – e tendo seu direito de acesso aos serviços da instituição negado. Numa suposta triagem, o banco reduziu a entrada de clientes.
“Era impossível entrar na agência. A porta estava parcialmente fechada e um funcionário permanecia parado bem em frente, cumprindo uma suposta triagem e direcionando quase todos os clientes para outros canais de atendimento e até mesmo outros bancos”, critica o dirigente sindical Júlio César Trigo, que esteve no local e conversou com os usuários.
Essa postura do Bradesco não é novidade para o Sindicato, que pressiona a instituição a suspender o chamado “Projeto Atendimento”. Nele, o banco coloca bancários na linha de frente com coletes vermelhos “Posso ajudar”. A inscrição, no entanto, deveria ser “Posso te barrar”, já que esse parece ser o objetivo: retirar usuários “desinteressantes” das unidades.
Quem deseja fazer um depósito no caixa ou pagar um boleto diretamente com o funcionário do banco ao invés de utilizar o autoatendimento, com certeza será encaminhado a lotérica mais próxima. “Essa situação intensifica os desligamentos dos funcionários, tendo em vista a suposta redução do fluxo nas agências, numa lógica incoerente e perversa dos banqueiros.”
Direito do consumidor
O Instituto Brasileiro de Defesa do Consumidor (Idec), baseado nas Instruções Normativas do Banco Central (BC) que determinam como se deve prestar o atendimento nas agências bancárias, especifica o que pode e o que não pode:
Com isso, “é vedada a discriminação entre os clientes e não clientes em pagamentos de serviços básicos, como água, luz, gás e telefone, cobrados por empresas com as quais os bancos têm liberdade de fazer convênios”. Tal norma está na Resolução nº 1.865/91 do BC.
Os bancos também não podem, pela Resolução nº 3.694/2009, recusar ou dificultar o acesso aos canais de atendimento convencionais, inclusive aos guichês de caixa. Mesmo que tenha meios alternativos, a escolha deve ser sempre do consumidor.