Sem proposta dos bancos, a greve nacional dos bancários se ampliou por todo o país em seu terceiro dia. Nesta sexta-feira 1º de outubro, 6.215 agências foram fechadas nos 26 Estados e no Distrito Federal, além de dezenas de centros administrativos de todos os bancos nas capitais, segundo dados enviados pelos sindicatos à Confederação Nacional dos Trabalhadores do Ramo Financeiro (Contraf-CUT) até as 17h. Trata-se de um crescimento de 27% em relação ao segundo dia, quando 4.895 agências foram paralisadas.
“O fortalecimento da greve é a sonora resposta dos bancários ao silêncio dos bancos”, avalia Carlos Cordeiro, presidente da Contraf-CUT e coordenador do Comando Nacional dos Bancários. “Os trabalhadores estão revoltados com o desrespeito dos bancos, que tiveram um crescimento médio de 32% nos lucros no primeiro semestre e oferecem apenas a reposição da inflação de 4,29%, num momento em que a economia brasileira cresce a um ritmo chinês e as outras categorias estão conquistando acordos com aumentos reais de salário.”
Os bancários reivindicam 11% de reajuste, valorização dos pisos salariais, maior Participação nos Lucros e Resultados (PLR), medidas de proteção da saúde que inclua o combate ao assédio moral e às metas abusivas, garantia de emprego, mais contratações, igualdade de oportunidades para todos e mais segurança.
“A ampliação do movimento está ocorrendo em todos os Estados e no Distrito Federal, apesar das práticas antissindicais dos bancos para pressionar os trabalhadores a furarem a paralisação, numa flagrante violação do direito democrático e constitucional de greve”, denuncia Carlos Cordeiro.
“As instituições financeiras estão ligando para os funcionários e fazendo ameaças, obrigam bancários a entrarem nos locais de trabalho de madrugada, usam helicópteros para transportar trabalhadores e estão ingressando em massa na Justiça com pedidos de interdito proibitório”, denuncia o presidente da Contraf-CUT. O interdito é um instrumento jurídico originariamente usado por proprietários de terra para reintegração de posse em casos de ocupação. “Os bancos desvirtuam o sentido dos interditos e tentam usá-los de má-fé para acabar com a greve, ao invés de apostar na negociação coletiva e buscar uma solução”, critica o dirigente sindical.
Na próxima segunda-feira, dia 4, o Comando Nacional dos Bancários se reunirá em São Paulo, na sede da Contraf-CUT, para fazer uma avaliação da greve e definir encaminhamentos para intensificar a mobilização.