(Porto Alegre) O Banrisul anunciou nesta quinta-feira, dia 19, um lucro líquido recorde de R$ 638,5 milhões no primeiro trimestre deste ano. O resultado representa um inédito crescimento de 575,66% comparado ao mesmo período de 2006. Desse total, R$ 520 milhões são créditos tributários, com origem em exercícios anteriores, que foram ativados no balanço trimestral.
O principal efeito dessa operação, prevista na legislação, é reforçar o patrimônio líquido do banco, explicou o presidente do Banrisul, Fernando Lemos. Com isso, o patrimônio líquido avançou 54,51% em março, para R$ 1,85 bilhão, na comparação com igual mês de 2006.
Segundo Lemos, a decisão de ativar os créditos tributários não está relacionada com a venda de ações do Banrisul, apesar de reconhecer que reforça a atratividade da instituição.
O volume total de ativos do Banrisul – constituído, principalmente, de aplicações em títulos e operações de crédito – cresceu 17,83% em março, para R$ 16,3 bilhões. As operações de crédito foram, ao final deste primeiro trimestre, de R$ 6,5 bilhões, registrando evolução de 5,33%. O volume de recursos captados e administrados junto ao mercado, no final de março de 2007, alcançou o valor de R$ 14,7 bilhões, apresentando aumento de 14,12%.
Na assembléia de acionistas do banco, convocada para o dia 30 de abril, será avaliada a mudança do estatuto e o aumento do capital social para tornar o banco mais atraente a investidores.
Lemos negou que a pauta da assembléia tenha relação com o aumento do capital do Banrisul, previsto para ocorrer ainda neste semestre. Garantiu que é uma assembléia ordinária, que ocorre anualmente. Um dos pontos a serem votados é a aprovação de uma bonificação de ações, num total de R$ 300 milhões das reservas do banco, que serão distribuídos em novas ações, sendo uma nova ação para cada quatro em poder dos acionistas.
Avaliação dos bancários
O diretor de Saúde do Sindicato dos Bancários de Porto Alegre e funcionário do Banrisul, Antônio Carlos Pirotti, observa que o resultado apresentado com os créditos tributários não representa o lucro real. “No nosso entendimento, o crescimento está colado ao processo de venda do Banrisul desencadeado pelo governo Yeda, desde a assembléia que vai alterar o estatuto, até esse resultado do primeiro trimestre.”
Pirotti diz que a diretoria do banco está trabalhando em sintonia com o governo para valorizar suas ações e vendê-las ao mercado. “Esse movimento de apresentar o lucro vai ao encontro da estratégia do governo de privatizar o banco.”
“Então, os banrisulenses têm mais uma motivação para comparecerem ao lançamento do Comitê em Defesa do Banrisul e se juntarem na defesa da instituição, imprescindível para o Rio Grande”, completa. A atividade, promovida pelo Sindicato de Porto Alegre e Federação dos Bancários, ocorre neste sábado, às 10h, no Hotel Embaixador, no centro da Capital.
Para o secretário-geral do sindicato, Fábio Soares Alves, é surpreendente que no último semestre de 2006, quando o banco tinha de pagar a PLR (Participação nos Lucros e Resultados) de forma equânime aos funcionários, foi reduzida a sua rentabilidade. Agora, quando não precisa pagar e sim vender, a diretoria do banco amplia o lucro e torna a instituição atrativa no mercado.
“Isso tudo ocorre a dez dias de uma assembléia de acionistas que vai mudar o estatuto e definir uma nova composição acionária”, ressalta Fabinho.
“O que se estranha é que o banco apresenta um lucro dessa magnitude e não faz nenhuma coletiva à imprensa para ampliar sua divulgação. Geralmente essa iniciativa tem uma atividade com bastante visibilidade. O banco inova na apresentação dos resultado e no forma como faz o lucro crescer”, ironiza.
Na avaliação do secretário-geral do sindicato, “parece que a direção, assim como o Governo, não quer se expor aos questionamentos e ou indagações por parte da sociedade com relação ao futuro do banco”.
Fonte: Seeb Porto Alegre, com informações Zero Hora
