Bancos seguem discriminando as banc rias

(São Paulo) Apesar de se autoproclamarem como socialmente responsáveis, os bancos reforçam mais um dos muitos padrões sociais que dão ao Brasil maus resultados em índices de desenvolvimento humano. Além das más condições de trabalho e da pressão que adoece milhares de trabalhadores, o sistema financeiro mantém o tratamento desigual entre homens e mulheres, à revelia da cláusula 52 do contrato coletivo de trabalho da categoria, que estabelece a igualdade de oportunidades dentro das empresas do setor.

Levantamento realizado pelo Dieese, com base em dados da RAIS (do Ministério do Trabalho e Emprego), de 2004, aponta que as mulheres são 45,93% da categoria. A maioria delas, ou 68,83% têm curso superior completo, contra 67,39% dos homens. No entanto, os principais cargos da empresa são ocupados majoritariamente por bancários. Dos cargos de diretoria, por exemplo, 80,61% são exercidos por homens e apenas 19,39% por mulheres. Nos cargos de gerência, o mesmo ocorre: são 67,39% homens e 32,61% mulheres. Nos demais ofícios, os números se aproximam: dos técnicos em nível universitário, 52,69% são homens e 47,31% mulheres. As bancárias também estão concentradas nos cargos de nível médio (onde são 47,52%) e de caixas e escriturarias: 48,52%.

“A categoria bancária foi a primeira a garantir em acordo coletivo uma cláusula que estabelece a igualdade de oportunidades. Muitos debates já foram feitos com as direções dos bancos e nos locais de trabalho para promover esse direito, no entanto os bancos repetem outros setores da sociedade que insistem em não reconhecer devido valor da mulher”, afirma Ana Tércia Sanches, diretora do Sindicato de São Paulo. “Temos uma mesa de debate desse assunto, junto à Fenaban, para tratar dos problemas e solucioná-los. Para que essa atuação seja cada vez mais efetiva, bancárias e bancários devem denunciar situações de desrespeito”, completa.

Injustiça
Os homens permanecem na profissão até uma idade mais avançada. Na idade entre 18 e 24 anos 50,77% da categoria é de mulheres. Esse número cai para 50,01% na faixa entre 25 e 29 anos e segue decrescendo: entre 30 e 39 anos 47,62%; de 40 a 49 anos, 44,65%. Na faixa que vai dos 50 a 64 anos somente 28,73% são bancárias e, com 65 anos ou mais, somente 12,5%.

Seja por exercer cargos de menor remuneração ou por estarem fora do banco nas faixas etárias mais altas, os salários pagos às mulheres são sempre os mais baixos. Só há mais bancárias nas faixas que vão até 10 salários mínimos (SM): 59,92% dos que ganham até 3 salários são mulheres, assim como quem ganha entre 3, 01 a 7 SM (51,95% de mulheres) e de 7,01 a 10 SM (51,21% mulheres). Daí para a frente a situação se inverte: de 10,01 a 15 SM, 46,17% são mulheres contra 53,83% de homens. Entre 15,01 e 20 SM há somente 38,34% bancárias, número que cai para 27,76% quando os salários são de 20 salários mínimos ou mais.

Lei Maria da Penha
Em setembro passado foi sancionada a lei Maria da Penha que tipifica os crimes de violência contra a mulher e aumentou de um para três anos o tempo de prisão para o agressor. Mas sem coragem para denunciar, muito pouco pode ser feito. Para isso, a Secretaria Especial de Políticas para as Mulheres, do Governo Federal, criou o 180: número de telefone para acusar a violência doméstica e orientar o atendimento às mulheres.

Para colaborar na divulgação desse serviço, o Sindicato distribuiu bloquinhos de anotações com o telefone 180. No dia 9, bancárias e bancários do Ceic – Centro Empresarial Itaú Conceição e de outras concentrações receberam o presente.

Fonte: Cláudia Motta – Seeb SP

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