Falta prioridade ao Banco do Brasil , afirma governador do ES

Valor Econômico
Chico Santos, do Rio

O governador do Espírito Santo, Paulo Hartung (PMDB), disse ontem ao Valor que a venda do Banestes, o banco do Estado, para o Banco do Brasil não ocorreu porque a atual diretoria do BB deixou de priorizar o investimento. “Evidenciou-se para nós que não havia (por parte da diretoria do BB) prioridade”, disse no início da tarde de ontem. Na segunda-feira à noite um comunicado conjunto do governo capixaba e do BB anunciou a interrupção das negociações iniciadas no começo do ano.

Segundo Hartung, quando o interesse pela compra do Banestes, um banco com 125 agências em todos os 78 municípios capixabas, foi manifestado pela antiga direção do BB, comandada por Antônio Francisco Lima Neto, ele foi ao presidente Luiz Inácio Lula da Silva e ao ministro da Fazenda, Guido Mantega, para saber se era um interesse do governo ou uma iniciativa exclusiva do BB. “Era do governo”, disse.

A partir daí, conforme o relato de Hartung, o BB assumiu publicamente vários compromissos, entre eles o de não demitir empregados, o de manter em funcionamento as agências deficitárias, dar tratamento igualitário aos acionistas minoritários do Banestes e de negociar com os clientes que tivessem contas nos dois bancos na tentativa de não esvaziar um em benefício do outro. Com os compromissos assumidos, disse o governador, “o anúncio (da venda) transcorreu com muita tranquilidade”.

No dia 8 de abril, o governo demitiu Lima Neto do BB e colocou no seu lugar o atual presidente, Aldemir Bendine, sob o argumento de que o banco federal precisava de mais agilidade na redução dos seus spreads. A partir da mudança, de acordo com o governador, as negociações não mais avançaram e a direção do BB sumiu de Vitória, a capital do Estado.

Hartung disse que somente na segunda-feira passada, após cobrança por parte do governo do Estado, o presidente do BB foi a Vitória para retomar as negociações. Àquela altura, de acordo com o governador, ele já havia ficado “inseguro” quanto à operação e aos compromissos assumidos perante a população do Estado e decidiu desistir da venda.

Segundo ele, na reunião de segunda-feira o BB propôs continuar a negociações, mas ponderando que havia uma conjuntura diferente, gerada pela crise financeira internacional, que precisava ser levada em conta. Hartung pediu então que fosse redigido um documento comum suspendendo as negociações que poderiam ser retomadas em um futuro governo se fosse de interesse mútuo.

O governador disse ainda que não houve uma oferta direta de preço e nem uma contraproposta do Estado, embora ambas as partes tenham feito suas avaliações. Segundo Hartung, em 2003, quando assumiu o governo do Estado para seu primeiro mandato, ele foi a Brasília e ofereceu ao governo a federalização do Banestes, ideia recusada pelo então ministro da Fazenda Antonio Palocci.

Com a recusa, Hartung decidiu sanear o banco. O Banestes apresentou lucro de R$ 160,65 milhões em 2007, de R$ 161,29 milhões em 2008 e de R$ 36,55 milhões no primeiro trimestre de 2009.

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