O advogado mexicano Eugênio Narcia Tovar, fez uma palestra sobre terceirização do trabalho durante a Conferência Estadual dos Bancários do Paraná. Vindo de um país em que um projeto similar foi aprovado, Tovar mostrou que a situação dos trabalhadores mexicanos piorou com a implementação desta medida.
O palestrante, que representa diversos sindicatos de trabalhadores do país da América do Norte, atacou com veemência a terceirização, pois ela atende apenas aos interesses dos patrões. “A flexibilização do trabalho por meio da terceirização é um retrocesso. No México, apenas os empregadores saíram lucrando com ela, Essa lei, feita por um governo de direita, também beneficiou as empresas vindas dos Estados Unidos, pois, assim, não teriam que se adequar às nossas leis e regras trabalhistas. Acredito que, se o Brasil permitir isso, vai enfrentar uma situação similar ao do México”, avalia.
Tovar afirma que a terceirização impede que o trabalhador possa manter um vínculo e a permanência na empresa em que trabalha, pois ficou mais barato para fazer uma rescisão contratual. “É por meio do trabalho que a pessoa prepara seu futuro. Quando alguém ingressa em um trabalho, a intenção é de que ela possa montar seu projeto de vida, assumir responsabilidades. Com a terceirização, isso corre o risco de desaparecer. Considero isso como um câncer difícil de ser combatido”, afirma.
Outro ponto levantado pelo advogado é a da precarização do ambiente de trabalho. Segundo ele, há diversos casos em que a jornada de trabalho ficou reduzida e, como consequência, a diminuição do salário do trabalhador. Houve também casos em que o trabalhador teve que realizar diversas funções, sem que houvesse um benefício por cumprir duas ou mais funções. “O trabalhador nunca sai ganhando com a terceirização. Ou ele trabalha menos e recebe menos, ou trabalha oito horas ou mais desempenhando diversos trabalhos. Em nenhum momento ele sai ganhando” conclui.