(São Paulo) As condições de trabalho a que estão expostos os trabalhadores das prestadoras de serviços dos bancos são terríveis. Ambientes insalubres, sujos, quentes, salas lotadas. Para economizar vale tudo e a saúde desses trabalhadores é consumida dia-a-dia.
Se para os empregados terceirizados a situação é ruim, para as mulheres ela é ainda mais crítica. É o que aponta estudo realizado pela dirigente do Sindicato de SP, Ana Tércia Sanches. “Todos estão expostos ao ritmo intenso de trabalho, à pressão por produção, à falta de treinamento, à polivalência de tarefas, às condições desumanas de trabalho. Mas a jornada excessiva, para as mulheres, é ainda maior com a sobrecarga dos serviços domésticos”, relata a dirigente.
Outro ponto destacado no estudo é a presença de mulheres, que chega a 90% dos funcionários da Tesouraria dessas empresas, enquanto nos bancos a atividade é exercida por 60% de homens e 40% de mulheres. Os cargos mudam de nome – nos bancos são caixas, nas terceirizadas são conferentes – e os salários também. Nos bancos um caixa ganha em média R$ 1.500, nas prestadoras de serviços, os conferentes recebem R$ 500.
Por que será que nas terceirizadas aumenta o número de profissionais mulheres que prestam o serviço? “Resquícios da desigualdade de gênero”, responde Ana Tércia, lembrando que pesquisas assinalam que as mulheres são consideradas mais atentas e mais confiáveis para esse tipo de trabalho. “No entanto, nos bancos, onde a remuneração é mais alta, os homens são maioria no cargo. Nas terceirizadas, os atributos são utilizados mas não são reconhecidos, nem remunerados. Apesar de serem maioria, ocupam cargos inferiores na hierarquia, com salários menores. A chefia é sempre ocupada por homens.”
Fonte: Cláudia Motta – Seeb SP