Greve dos bancários começa mais forte que a do ano passado no Rio

A greve nacional dos bancários começou forte nesta quinta-feira (19), numa demonstração clara da insatisfação da categoria com a proposta rebaixada apresentada pela Federação Nacional dos Bancos (Fenaban). Paralisaram 6.145 unidades em todo o país, 1.013 (19,7%) a mais que no primeiro dia da greve do ano passado.

No Rio de Janeiro, só no Centro da Cidade pararam 180 agências. Será divulgado, nesta sexta-feira, um levantamento detalhado da paralisação nos demais bairros, onde, no primeiro dia, foi mais forte a adesão no Banco do Brasil e na Caixa Econômica Federal.

Segundo o presidente do Sindicato, Almir Aguiar, a tendência é aumentar a adesão nesta sexta-feira (20). “Os bancários estão insatisfeitos com a intransigência dos bancos e sabem que só o aumento da mobilização fará as negociações avançarem. Por isto mesmo, a greve deverá crescer a cada dia, repetindo o que vem acontecendo todos os anos”, avaliou Almir.

O vice-presidente da Contraf-CUT, Carlos de Souza, frisou que os culpados pela greve são os banqueiros, por não terem apresentado uma proposta decente na mesa de negociação, tendo todas as condições de fazer isto.

Lucro bilionário

Os banqueiros não têm qualquer justificativa para ter apresentado, na negociação do último dia 5, uma proposta tão indecente, a começar pelo reajuste de 6,1%, sem qualquer aumento real. Os lucros são bilionários. Em 2012, o lucro dos seis grandes bancos atingiu R$ 52 bilhões. No primeiro semestre deste ano, o montante foi de R$ 29 bilhões, ou seja, R$ 27 milhões por hora.

A negociação, até agora

A Fenaban propôs, além do reajuste rebaixado de 6,1% (inflação do período pelo INPC) sobre salários, pisos e todas as verbas salariais (auxílio-refeição, cesta-alimentação, auxílio-creche/babá etc.), PLR de 90% do salário mais valor fixo de R$ 1.633,94, limitado a R$ 8.927,61 (o que significa reajuste de 6,1% sobre os valores da PLR do ano passado) e parcela adicional da PLR de 2% do lucro líquido dividido linearmente a todos os bancários, limitado a R$ 3.267,88.

Os bancários exigem um aumento real de 5%, além da inflação, o que elevaria para 11,93% o reajuste salarial. A PLR desejada é de três salários, mais R$ 5.553,15 e piso salarial de R$ 2.860,21 (salário mínimo do Dieese).

Em relação aos auxílios, os bancários reivindicam alimentação, refeição, 13ª cesta e auxílio-creche/babá: R$ 678,00 ao mês para cada (salário mínimo nacional).

Os trabalhadores exigem também melhores condições de trabalho, com o fim das metas abusivas e do assédio moral que culminam no adoecimento de funcionários. Desejam ainda que cessem as demissões, sejam feitas mais contratações e que se aumente a inclusão bancária.

Caminhada na terça-feira

Na assembleia desta quinta-feira, no auditório do Sindicato, além da avaliação do primeiro dia de greve e organização da paralisação para esta sexta-feira, os bancários decidiram fazer uma caminhada contra a intransigência dos banqueiros e também pelo arquivamento do projeto de lei 4330. A manifestação sairá da Candelária e irá até a Cinelândia. A concentração está marcada para as 18 horas.

A passeata conta com o apoio da CUT/RJ, que convocará para participar do protesto também outras categorias, já que o projeto atinge todos os trabalhadores.

O PL 4330 está em tramitação na Câmara dos Deputados e acaba com limites para a terceirização, podendo uma empresa, ou um banco, substituir todos os seus empregados por uma terceirizada. O que significa o fim de várias categorias, inclusive a dos bancários.

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