Bancários protestam em Brasília contra discriminações e homofobia

Trabalhadores lembraram 124 anos da abolição da escravatura

Na semana que marca os 124 anos da assinatura da Lei Áurea, que aboliu a escravatura no Brasil, o Sindicato dos Bancários de Bancários realizou na quarta-feira, dia 16, uma manifestação no Setor Comercial Sul (SCS) em protesto contra a discriminação a negros, mulheres, pessoas com deficiência e homoafetivos, particularmente no sistema financeiro.

“A discriminação no sistema financeiro só reflete a situação que ocorre no resto do país. A Lei Áurea foi assinada, mas muitos problemas ainda persistem para os negros, por exemplo, como a dificuldade de acesso ao mercado de trabalho. Mesmo nos bancos públicos, nos quais o ingresso é via concurso público, a discriminação racial continua. Eles chegam a entrar no banco, mas têm dificuldade de ascensão na carreira, já que os processos seletivos não são objetivos nem transparentes”, denuncia Rodrigo Britto, presidente do Sindicato e diretor da CUT-DF.

O presidente do Sindicato acrescentou que nas instituições financeiras “menos de 20% dos trabalhadores são afrodescendentes, e também há pouquíssimas mulheres em cargos de chefia, mesmo tendo qualificação igual ou superior aos homens. Isso fere frontalmente a Constituição Federal, que garante igualdades entre todos”.

Durante a atividade, o diretor do Sindicato Wadson Boaventura pediu à população que comprovasse o baixo número de trabalhadores negros e com deficiência nas instituições financeiras com uma visita rápida às agências e cooperativas da redondeza. Um estudo da subseção do Dieese confirma o quadro: em 2011, apenas 19,75% dos admitidos pelos bancos entre janeiro e setembro são afrodescendentes, sendo 2,74% negros e 17,01% pardos.

Apoio da população

O administrador Valdeci Albuquerque é pai de duas filhas com deficiência física e apoiou a atividade dos bancários. “A questão da discriminação dos deficientes dentro dos bancos realmente existe. Minha filha é deficiente e concorreu a uma vaga em um banco privado. Ela foi aprovada no processo e não foi contratada, mesmo tendo melhor capacitação para o cargo do que outros candidatos. Muitos colegas que se formaram na graduação com ela entraram no mercado de trabalho com mais facilidade”, conta o administrador.

No encerramento do ato, o grupo Abadá Capoeira fez uma apresentação para lembrar um pouco mais de um dos símbolos da cultura afro-brasileira. Atualmente a capoeira é considerada patrimônio Cultural Imaterial do Brasil.

O ato do Sindicato repercutiu na imprensa local, com matéria veiculada pelo site de notícias www.alo.com.br

Contra a homofobia

Da manifestação no SCS, diretores do Sindicato seguiram para a III Marcha Nacional Contra Homofobia, na Esplanada dos Ministérios. O tema da Marcha deste ano é Homofobia tem cura: educação e criminalização.

As frentes de debate se concentram no processo de conscientização contra a homofobia dentro das instituições educacionais e a aprovação do PLC nº 122, que criminaliza atos discriminatórios contra homossexuais. No dia 17 de maio é comemorado o Dia Internacional Contra a Homofobia.

“O nível de discriminação contra os LGBTT é alto no país. Queremos que realmente exista uma política efetiva contra a discriminação. Lutamos para que os parlamentares se posicionem em relação às nossas reivindicações e para aprovação dos projetos de lei sobre o tema”, diz o presidente da Associação Brasileira de Lésbicas, Gays, Bissexuais, Travestis e Transexuais (ABGLT), Toni Reis.

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