A Contraf-CUT criticou a decisão do Comitê de Política Monetária (Copom), que efetuou nesta quarta-feira (28) um novo aumento de 0,5 ponto percentual elevando a taxa básica de juros, a Selic, para 9% ao ano.
“O Copom e o Banco Central capitularam mais uma vez ao terrorismo do mercado financeiro e dos especuladores. Antes, a desculpa para elevar a taxa de juros era a chamada ‘inflação do tomate’, que já recuou. Agora, o motivo é a desvalorização do real frente ao dólar norte-americano. Mas os argumentos do rentismo não se sustentam, pois o resultado é o mesmo: transferência de bilhões de recursos públicos para as instituições financeiras, que detém 25% da dívida pública, desestímulo ao crescimento, encarecimento do crédito e freio na geração de empregos e renda”, avalia Carlos Cordeiro, presidente da Contraf-CUT.
Para o dirigente sindical, “a elevação da Selic pela quarta vez consecutiva em 2013 não se justifica”, uma vez que o impacto das políticas monetária e fiscal adotadas pelos Estados Unidos, que está provocando as oscilações para cima da moeda americana, é pontual. A taxa de câmbio deve cair até o final do ano e a inflação deve manter a tendência de queda no segundo semestre e fechar o ano abaixo do teto da meta de 6,5%.
De acordo com estimativas do Dieese, cerca de 30% da dívida pública brasileira está atrelada à Selic e, a cada 0,5 ponto percentual a mais nessa taxa, a dívida cresce R$ 3 bilhões ao ano, recursos estes que acabam sendo transferidos, em grande parte, para os bancos, que são os maiores credores do Estado. “Esse repasse significa quase seis vezes o valor de R$ 511 milhões do convênio do governo brasileiro com Cuba, que trará 4 mil médicos para trabalharem no país até 2014”, compara Cordeiro.
“Outro fator importante é que os bancos têm grande interesse em que a Selic aumente para desestimular a poupança e redirecionar recursos para os fundos de investimentos, cujas taxas de administração são altíssimas”, salienta.
Para a Contraf-CUT, além das metas de inflação, o Banco Central precisa definir também metas sociais como a geração de empregos e renda e a redução das desigualdades sociais. “Queremos também que o governo convoque uma conferência nacional do sistema financeiro, a fim de que a sociedade possa discutir o papel dos bancos e do crédito. O Brasil não pode ficar refém da ganância dos rentistas e especuladores do mercado”, reafirma Cordeiro.