Um debate importante ocupou espaço na mídia nos últimos dias, a respeito da diferença entre as tarifas cobradas por bancos públicos e privados no Brasil, cada lado tentando empurrar para o outro a pecha de “careiro”. A subseção do Dieese da Contraf-CUT fez um levantamento, revelando o peso da receita de prestação de serviços dos bancos, formada principalmente pelas tarifas cobradas junto aos clientes, na formação da receita das empresas do setor.
Segundo o estudo, baseado em dados dos balanços dos bancos em 2004 e 2008, quase todos os cinco principais bancos do país conseguem pagar totalmente sua folha de pagamento apenas com o valor das tarifas – a exceção é a Caixa Econômica Federal que cobre “apenas” 86,8% dessa despesa. A despesa com pessoal é o principal custo das empresas do setor.
O campeão no quesito é o Santander, que consegue 200,3% de sua folha de pagamento com a receita de tarifas. Em 2004, o número era de 84,7%, o que também representa o maior crescimento entre as empresas pesquisadas. O Bradesco possui o segundo maior crescimento do período, partindo de 99,2% em 2004 para chegar a 156,5% de sua despesa com pessoal com arrecadação em prestação de serviços em 2008.
O Itaú consegue cobrir 158% da folha de pagamento com a receita de serviços, mesmo tendo apresentado queda em relação a 2004, quando essa receita era equivalente a 185,7% das despesas com pessoal. A queda no período é explicada pela fusão com o Unibanco, que aumentou o número de funcionários do grupo. “Como o banco já fechou mais de 6 mil postos de trabalho neste ano, o número em 2009 já deve ser mais próximo do padrão antigo”, afirma Carlos Cordeiro, presidente da Contraf-CUT.
Entre os bancos públicos, o Banco do Brasil também apresenta crescimento, partindo de 87% da folha em 2004 para 111% em 2008. Enquanto isso, a Caixa apresenta queda, de 100,3% para 86,8%, o único banco que não cobre inteiramente as suas despesas de pessoal com essa receita.
“É importante que a sociedade brasileira debata o tema das tarifas bancárias. Todos os bancos, públicos e privados, deveriam praticar tarifas muito mais baixas do que as que hoje impõem a seus clientes”, afirma Carlos Cordeiro. “Essa receita é uma das bases de sustentação dos enormes lucros que o setor financeiro tem conseguido ano após ano. O valor das tarifas é um abuso contra os clientes e a sociedade brasileira”, salienta.