Solidariedade das redes sindicais dos bancários, durante ato em Assunção
A UNI Américas Finanças e os participantes da 9ª Reunião Conjuntura de Redes Sindicais de Bancos Internacionais realizaram no final da tarde de segunda-feira (6) uma manifestação de solidariedade em frente à sede da Prosegur, em Assunção. Eles protestaram em conjunto com o Sindicato dos Trabalhadores da Prosegur no Paraguai contra a demissão de 327 vigilantes, incluindo dirigentes sindicais, durante uma greve da categoria em julho do ano passado.
Estiveram presentes dirigentes sindicais do Brasil, Paraguai, Argentina, Uruguai, Colômbia, Peru, Costa Rica, Trinidad e Tobago e Espanha, que fizeram pronunciamentos cobrando a reintegração imediata dos demitidos da Prosegur.
“A Prosegur tem fama de ser uma das piores empresas do mundo para se trabalhar e aproveitou o momento político do Paraguai, decorrente do golpe civil que destituiu o presidente Fernando Lugo, no dia 22 de junho, para fazer essas demissões descabidas que atentam contra a organização sindical e os direitos dos trabalhadores, que precisam ser reintegrados”, afirma André Rodrigues, diretor regional da UNI Américas Finanças. Ele denuncia a existência de uma “lista negra” para evitar que os demitidos sejam contratados por outras empresas de segurança.
“Manifestamos solidariedade aos vigilantes arbitrariamente demitidos no Paraguai e cobramos a responsabilidade do Itaú, enquanto um dos principais contratantes da Prosegur no Brasil e nas Américas, para resolver esse impasse que atingiu 327 trabalhadores e suas famílias”, afirmou Ivone Silva, funcionária do banco e secretária-geral da Contraf-CUT.
“Expressamos toda solidariedade dos bancários das Américas aos vigilantes demitidos no Paraguai, demonstrando a importância de promover ações conjuntas, combatendo as práticas antissindicais das empresas e defendendo os direitos de todos os trabalhadores”, destaca Mário Raia, secretário de relações internacionais da Contraf-CUT.
“Essas demissões totalmente ilegais, injustificáveis e abusivas revelam o lado perverso da terceirização e da precarização do trabalho, que só geram lucros para os empresários e todo tipo de prejuízos aos trabalhadores, como se esses fossem apenas mercadorias. O tratamento dispensado aos terceirizados é um absurdo e temos de cobrar a responsabilidade solidária dos bancos que contratam esses serviços. Onde está a propalada responsabilidade social dos bancos e particularmente do Itaú que contrata essas empresas que desrespeitam completamente os direitos dos trabalhadores?”, indaga Miguel Pereira, secretário de organização do ramo financeiro da Contraf-CUT.
Entenda o caso
A empresa demitiu todos os 327 trabalhadores paraguaios no dia 30 de julho de 2012, quando retornavam ao trabalho após uma greve contra as condições de trabalho extremamente precárias, com jornadas de até 19 horas por dia. Com isso, a empresa espanhola eliminou também os dirigentes do Sindicato dos Trabalhadores da Prosegur do Paraguai.
A greve terminou quando a ministra do Trabalho se ofereceu para mediar o conflito, e a empresa chamou o Sindicato para a mesa de negociações no dia 27 de julho.
A Prosegur pediu que a Justiça do Trabalho no Paraguai declarasse a greve ilegal, mas no dia 20 de agosto retirou a ação. Até hoje, a empresa não readmitiu nenhum dos 327 demitidos. Os trabalhadores entraram com uma ação coletiva na Justiça, exigindo a reintegração dos demitidos.
“Nós não infringimos a lei, a empresa deve garantir nossos empregos, pois é o sustento de nossas famílias. Vamos lutar pela readmissão”, disse Mario Arturo Lomaquis, um dos demitidos e secretário-geral adjunto do Sindicato.
“A Prosegur não tem ética ou moral diante desses atos praticados pela empresa”, disse Adriana Rosenzvaig, secretária regional da UNI Américas.
“A UNI Sindicato Global e o movimento operário internacional estão unidos em oposição ao comportamento inaceitável da Prosegur. Não descansaremos até que a justiça seja cumprida e que esses trabalhadores tenham uma resposta positiva quanto ao retorno de seus empregos. É urgente que a sede da Prosegur na Espanha desperte para a realidade das práticas antiéticas de suas operações globais”, disse Philip Jennings, secretário-geral da UNI.
As centrais sindicais espanholas (UGT-CCOO-USE) também enviaram uma carta à Prosegur, relatando as más práticas da empresa no Paraguai, “que são totalmente inaceitáveis”, segundo afirmou José Centeno, diretor de FeS -UGT na Espanha.