As comemorações dos 10 anos do Fórum Social Mundial (FSM) começam na próxima segunda-feira 25 em Porto Alegre. Neste ano, o encontro será descentralizado e tem caráter preparatório para a edição do ano que vem, marcada para Dacar, no Senegal. Na capital gaúcha, o FSM vai até dia 29. Na mesma data, iniciam-se os debates em Salvador que prosseguem até 31 de janeiro.
O FSM 10 Anos Grande Porto Alegre promove uma reflexão sobre a primeira década do movimento cujo lema é “um outro mundo é possível”. As cidades de Canoas, São Leopoldo, Novo Hamburgo, Sapiranga e Gravataí sediarão discussões ligadas ao evento.
As mesas principais ocorrem pela manhã, na Usina do Gasômetro e na Assembléia Legislativa, em Porto Alegre. No dia 25, o Secretário de Relações Internacionais da CUT, João Felício, participa da mesa de abertura, “Fórum Social Mundial – Balanço de 10 anos”, às 9h, na usina.
O presidente da CUT, Artur Henrique, participará no dia 26 do painel “A conjuntura econômica hoje”. Já no dia 28, a secretária de Comunicação da CUT, Rosane Bertotti, participa de “Como construir hegemonia política”.
No período da tarde, acontecem as mesas sindicais com a participação das seis centrais. Os temas serão: “Crise mundial e perspectivas do movimento sindical”, “Trabalho decente e pacto mundial pelo emprego”, (dia 27), “Práticas antissindicais” e “Agenda mundial dos trabalhadores” (dia 28).
O FSM termina no dia 29, na Usina do Gasômetro, a partir das 10h, com a Assembléia dos Movimentos Sociais.
Momento de reflexão
“O FSM não ‘volta’ portanto a Porto Alegre”, explica Francisco Whitaker, um dos idealizadores do FSM e integrante do Conselho Internacional, em entrevista à Agência Adital. “Lá se realiza um Fórum Social especial porque nele está contido um grande seminário de avaliação dos dez anos de caminhada, organizado pelo grupo de entidades e pessoas que promoveram em 2001 o primeiro FSM”, conta.
Já Salvador sedia discussões com a finalidade construir alternativas que priorizem o desenvolvimento humano, a superação da dominação dos mercados e o enfrentamento à pobreza, à fome, ao desemprego, à desigualdade, à exploração dos recursos naturais e ao analfabetismo.
História
A primeira edição do FSM ocorreu em 2001. Com o objetivo de se contrapor ao Fórum Econômico Mundial, realizado anualmente em Davos, na Suíça, o encontro propunha alternativas ao modelo neoliberal que predominou na definição de políticas econômicas no mundo durante a década de 90.
A redução do papel do Estado, a primazia do mercado e a força cada vez maior de empresas transnacionais era contraposta por movimentos sociais, sindicais e organizações não-governamentais em uma dinâmica plural.
“O Fórum Social Mundial foi, então, a primeira iniciativa planetária, em muitos anos, capaz de reunir os brotos de mobilização político-social contra a coalizão imperialista liderada pelos Estados Unidos”, analisa Breno Altman, jornalista editor do Opera Mundi. “Sua primeira edição, e algumas das seguintes, deram rosto ao protesto contra o desenho de mundo forjado pelos monopólios e seus governos”, completa.
Para Francisco Whitaker, a carta de princípios do Fórum garante algumas características essenciais para seu sucesso. Ele cita aspectos como ser um espaço aberto, a horizontalidade na organização de atividades, a auto-organização de atividades, a recusa de um documento final único, a não designação de dirigentes ou porta-vozes e o respeito à diversidade.
Propostas concretas
O secretário-geral da CUT, Quintino Severo, acredita que o FSM deste ano deve entrar em uma segunda fase, com a formulação de propostas concretas para um novo mundo. “Se até então nossa preocupação era reunir diversos segmentos para questionar o neoliberalismo, agora devemos nos preocupar com a construção de propostas do que queremos construir”, comentou.