Custo da crise financeira nos Estados Unidos pode passar de 10% do PIB

O ESTADO DE SÃO PAULO
Daniela Milanese,
LONDRES

As crises financeiras têm custo elevado para os países, geralmente bem acima de 10% do Produto Interno Bruto (PIB). Em muitos casos, as turbulências acabam resultando em recessão. No entanto, esse ônus pode ser reduzido com a devida regulação e supervisão do sistema. As conclusões são do Fórum Econômico Mundial. “Crises financeiras são caras, pois estão associadas com falências significativas das famílias, corporações e instituições”, afirma Nouriel Roubini, da New York University e da RGE Monitor, em estudo.

Para ele, a instabilidade financeira é um sinal de deficiência para alocar apropriadamente a poupança em investimentos. O especialista acredita que a estabilidade é crucial para o desenvolvimento financeiro.

Roubini nota que as crises financeiras têm se tornado mais freqüentes e mais virulentas, apesar do sustentado período de crescimento econômico e baixa inflação até então verificado. Na verdade, ele acredita que essa fase alavancou a possibilidade de bolhas.

Segundo o especialista, a explosão dos preços dos ativos pode ter conseqüências sérias. “Uma década de experiência com crises financeiras nos mercados emergentes mostra que muitas são precedidas por bolhas de ativos, boom de crédito e de investimentos e desequilíbrio externo elevado e crescente, que se torna eventualmente insustentável.”

Em muitos casos, esses problemas têm impacto no crescimento econômico e freqüentemente estão associados com recessão. Também há aumento do custo fiscal, já que as situações acabam implicando em planos de socorro às instituições, o que eleva a dívida pública.

O estudo mostra que a Espanha, por exemplo, arcou com 175% do PIB na crise entre 1977 e 1985. Argentina e Chile tiveram de dispor de 55% da economia na década de 1980. Para a Turquia, o custo da turbulência enfrentada entre 2000 e 2003 foi de 30% do PIB.

OMISSÃO

Roubini acredita que o Federal Reserve (Fed, banco central americano) cometeu um erro ao manter a taxa de juros tão baixa por tanto tempo, alimentando a bolha imobiliária. “Outra omissão foi a abordagem ?laissez-faire? do Fed e de outros reguladores, que permitiram a ocorrência de hipotecas tóxicas sem restrição.”

Para o especialista, a resposta apropriada deveria ter sido não só a elevação dos juros, mas também a melhor supervisão e regulamentação do setor imobiliário. Ele defende a “apropriada combinação entre política monetária tradicional e política de crédito para controlar o boom excessivo da alavancagem e dos preços dos ativos”.

Por mais que os ciclos de crise retornem, seus efeitos conhecidos podem reduzidos “se a apropriada supervisão e regulação foram adotadas”.

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